A gramática
Penso que deturpar o ensino fingindo uma evolução, pode criar algo aquém da educação. Que culpa tem a gramática e as suas regras? Muitos responderão que a língua é viva e que cada ser tem a sua gramática interior. Meus caros, a gramática apenas coloca normas para que não vivamos em uma anarquia na escrita. Perverter pelo simples prazer não contribuirá para nada. Alias, contribuirá para o caos!
Não pensem que poetas, escritores e todos aqueles que produzem, escrevem por acaso. Não, caríssimos! A gramática está no texto de suas obras e o modo como ela escorre pelo papel é que vai dizer o comportamento da palavra e da sintaxe. Agora, caso não entenda o que está escrito, não rasgue a gramática. Corra atrás do seu prejuízo e não perpetue a anomia, conceituando evolução com balburdia.
Vivemos em um tempo em que a bagunça parece querer arrumar a concordância verbal. Deixemos a língua viver no uso, mas, até no uso há regras. Pois, se não houvesse tal, a comunicação seria impossível. Que culpa tem a gramática? Textos científicos necessitam de sua presença; textos literários imploram por ela e aí? Aí eu estou revoltado entenderam? Perceberam que a regra se faz necessária?
Resumi o ensino apenas em textos literários e não fazer o aluno entender o valor que tem o documento – gramática- que registra sua língua, é cair na zona de conforto. O tudo pode não pode! Crianças mimadas brincando com palavras sem saber catá-las e organizá-las, merecem apanhar diariamente da gramática, até aprender que quem manda não é apenas a criatividade e sim a organização.
Que progresso teremos com o abandono da gramática? Falar de qualquer jeito, escrever como bem quiser (...) Muitos dirão que estou engessado, mas, os mesmos, nem conseguem entender o futuro que querem propagar. Eu estou para o que der e vier com a gramática e aposto que meus aliados também. Machado, Drummond, Bandeira, Castro Alves, Graciliano, Guimarães e outros tantos me escreveram e falaram que estão do lado da ordem. Onde ou aonde está o comprometimento? Onde chegaremos sem perguntarmos por quê? Compreendo que há lacunas para serem preenchidas, mas não é interessante abandonar por simples capricho ou mimo. Começaremos rasgando a gramática e depois condenaremos à fogueira os livros escritos “pós evolução” do abandono da mesma. Socorro e só corro não é a mesma coisa! Eu corro dos parvos e peço socorro para a sintaxe bem escrita.
A gramática realmente tem culpa sim! Ela, para muitos, dita o que é certo e errado, mas, o certo que ela diz me ajudou nesse texto. Ela cristaliza a língua para outros tantos, mas, mantém uma ordem que não deixa cair na bagunça individual de cada ser.
Estudar não se resume apenas em divagar e regras devem existir até mesmo em uma orgia. Por tudo, abandonar a gramática é desobedecer ao bom senso e romper com tudo que nos trouxe até aqui. Para criança mimada e desobediente fazemos o quê? Castigamos! Como? Escreva um texto sem que a gramática não esteja dentro dele. Só sai do quarto quando fizer. Entendeu?
Mário Paternostro