Como você é realmente?
Estamos acostumados. Muito acostumados. Tão acostumados que também estamos longe de saber o quanto. Tão acostumados que não viveríamos sem o que acreditamos. E aí nós argumentamos contra o ”louco” que não compartilhe a maioria de qualquer ideia conosco. Sequer admitimos que seja um direito primordial alguém discordar do estabelecido como costume. Como entre as coisas em que acreditamos está a liberdade de pensamento, magnanimamente, permitimos que esses excêntricos expressem suas ideias em hora e local apropriados como determinam os costumes, afinal há tempo e espaço adequado para tudo. Essa é a forma com a qual sinalizamos nosso descontentamento, nosso incômodo com pensamentos e comportamentos fora do padrão. Mesmo dentro dos costumes, elegemos os mais aceitáveis e os menos aceitáveis numa escalada informalmente formalizada que mostrará a sua força na medida em que as ideias trilhem os caminhos mais próximos das margens do universo conhecido. Estranhamos, surpreendemos-nos, sentimos impactos, ficamos abalados, rejeitamos uma gama de novidades e invenções que de alguma forma não possua elementos que já , mesmo inconscientemente, não estejam presentes nos históricos de nossa formação como coisa já aceita. Os inventores são um tanto pirados. Os compositores são meio amalucados. Os criativos são... “Muito criativos para o meu gosto”, os ricos são excêntricos, porém perdoados, porque o nosso “arquivo” diz que “eles podem”. Evidentemente o agradável e o desagradável são usados para definir os nossos confortos e desconfortos e essas suaves nomenclaturas exprimem a estabilidade que precisa ser mantida. Elas são como guardas desarmados que patrulham educadamente os portões dos costumes. O interessante é que eventualmente todos nós, em algum momento sentimos estar fora do padrão, vide o jargão: “de perto ninguém é normal”. Porém em detrimento desses dejavus que nos alertam quando “pisamos fora da linha” continuamos acreditando na retidão filosófica do comportamento artificialmente médio porque as originalidades nos assustam. Como se pudéssemos viver sem elas! Foram as originalidades que um dia criaram os costumes que tanto nos conforta socialmente e incomoda nossas individualidades. O bom é que nãoprecisamos nos preocupar com a morte das originalidades, elas sempre prevalecerão, haja vista nossa própria sociedade.