Desinspirada
Deixo o papel, o pensamento de lado,vou capinar o quintal.Se a erva daninha esta alta, alguém tem que cuidar; digo-te que esta é minha academia preferida, natural.Tomo da enxada, boné, óculos escuros,musica e simbora. Na capinação, descubro coisas, mistérios;tipo as borboletas bem pequeninas,brancas e amarelas, simplezinhas,sob a erva daninha;dá até dó de violar seu santuário, passo pra outra banda, me pergunto: Por que será que elas preferem as ervas e não as rosas? Será que as ervas são mais puras?Como são dóceis! Nem se importam com minha presença; chamo isso de inocência, penso na maldade que a ferem desumanamente, então cuido; vou pra outra banda; quando lesmas e outra e mais outra amontoadas gosmentas, fétidas em folhas de um velho coqueiro; ui!Pobres, que culpa tem de ser feinhas?, pra alguma coisa na natureza servem, as deixo ali quietinhas, afinal, como eu ,tem lugar no espaço;adiante, oh! Quintal grande!, 500m quadrado, matematicamente só sei, que isso cansa, mas simbora; e eu lá sou de ser vencida por um quintal? aff, mai é muito mato!;Mas to desinspirada do intelecto, vazia,vazia,pois, então cansar o esqueleto, melhorar a forma, o corpo não pode parar;li em algum lugar” que o corpo foi feito para o movimento”; concordo; mas,onde paramos mesmo?Ah! Tá, agora estou no meio, tem muita estrada até o final, mas quem tem pressa?nem marquei nada , alias nem comigo assumo compromisso, é que nada é como é, se tem sol, tem chuva, se tem sim, tem não ,encontros, desencontros;gosto mesmo é dos acasos, este sem hora sem data, acontece e pronto. Sou uma apaixonada pelo vento e ele sabe disso,quando muitos o temem, lá vou eu atrás dele. Oh! Liberdade, falar de ti é bonito, viver-te, é sabedoria; de súbito interrompe o pensar um lagarto , me assusto, ui! Pobre, ele também se assustou parto para o telhado, podar as patas de gato, isso cresce que é uma beleza, hora que os vizinhos acham graça, reportam-me: “ Que espetáculo! mas tome cuidado, não vá cair.” Rio-me , mostro a habilidade com tesouras,adagas, digo:”sei dançar!”..Ganho muito nestas horas ;raros momentos; como é bonita e enigmática a natureza, e o bom do estar só é esse ensinamento,a sabedoria do silêncio, poucos entendem, mas eu afirmo, o melhor mestre que já tive.Mesmo quando os carrapichos grudam em toda roupa, a deixar-me parecendo um porco espinho,esta valendo;até com o rosto avermelhado, mas ainda assim esta valendo, é tudo tão sagrado, misturado ao canto dos passarinhos harmônicos ,e nem foram pra faculdade,nasceram prontos, vale tudo, tudo mesmo;o cansaço, o rosto manchado, as mãos feridas, o resultado?encantamento,paz.
Boas festas
Leitores,recantistas,poetas
Agradecida
Abraços meus.