PAPAI NOEL
E naquele dia 24 de dezembro cheguei à casa da minha irmã Sônia e experimentei uma fantasia do Papai Noel e ela disse:
- Nossa Luiz, como você está igual ao Papai Noel! Só falta a barba e a barriga!
Enfia-se nesta fantasia, enche a barriga de jornal velho, coloca esta barba postiça e vamos ganhar algum dinheiro!
Inicialmente não entendi nada daquilo que minha irmã estava falando, mas ela começou a detalhar o que iria acontecer: disse-me que a loja de calçados do Roni na Vila Maria Alta ainda não existia nenhum Papai Noel e ali estava uma ótima oportunidade de eu faturar alguns “trocos” para poder passar o Natal.
Imediatamente enfiei-me naquela fantasia de Papai Noel, coloquei uma barba postiça e enchi minha barriga com jornal velho, olhei-me no espelho e parti para a loja em busca de mais um “bico” na véspera de Natal.
Logo que cheguei à loja entrei fui procurar o Roni e assim que ele apareceu eu disse: Oh, Oh, Oh...O Papai Noel chegou!
O Roni olhou, olhou e começou a rir e perguntou o que eu estava fazendo dentro daquela fantasia e eu disse que vinha a pedido da minha irmã Sônia e estava precisando ganhar algum dinheiro e o Roni imediatamente colocou um grande banco de madeira na entrada da loja, foi até o fundo da loja e trouxe uma bota de couro e pediu para eu calçar, atravessou a rua e comprou vários sacos de balas de todos os sabores e colocou num enorme saco e disse:
- Boa sorte Papai Noel, pode sentar naquele banco de madeira na entrada da loja e receba todos os clientes com muita cordialidade e um belo sorriso no rosto! Aqui está este sino, balance-o constantemente para que toda a população da Vila Maria entre na minha loja e façam grandes e significantes compras. Boa sorte e um abraço! Oh, Oh, Oh....
Sentei-me confortavelmente no banco de madeira e cada cliente que entrava acenava e distribuía balinhas para as criancinhas. Aquele dia estava muito quente e eu dentro daquela fantasia transpirava muito e foi então que chamei o Roni e disse a ele que precisava refrescar-me urgentemente e fui até um bar e pedi uma cerveja bem gelada e uma boa dose de “Martini com conhaque” e retornei para a loja para exercer meu nobre papel de Papai Noel desempregado.
Passados alguns minutos de um calor sufocante dentro daquela pesada roupa, não resisti e caí do banco e todos vieram ajudar-me e foi quando uma criancinha disse:
- Olha mamãe...que lindo o Papai Noel caiu!
Levantei-me rapidamente e disse que tudo estava tudo muito bem.
O movimento da loja naquele dia foi muito grande e todas as balinhas foram distribuídas para as criancinhas e muitos pedidos recebi dos pequenininhos.
A loja fechou às 22 horas e voltei para casa com algum trocado que recebi do Roni e a bota de couro e o mesmo prometeu que no dia 26 de dezembro eu passasse na Loja para receber pelo meu nobre trabalho de Papai Noel e quando eu estava saindo da loja o Roni perguntou o que eu estava precisando fora o dinheiro e eu imediatamente disse que necessitava de roupas, pois tinha apenas uma calça, uma surrada camiseta e uma sandália velha e o Roni disse que iria presentear-me com algumas roupas.
O tempo passou e no inicio do ano quando eu estava trabalhando de servente de pedreiro na casa de uma colega chamada Silvana avistei de longe meu querido sobrinho Leandro com vários cabides repletos de roupas e logo ele gritou:
- Aí tio...suas roupas chegaram! Simplesmente o Roni pegou todo o seu guarda-roupa e doou para mim e eram maravilhosas roupas caríssimas. Fiquei muito Feliz e ainda doei algumas camisetas para alguns sobrinhos e agradeci muitíssimo o presente do Papai Noel. Oh, Oh, Oh....Feliz Natal a todos!