Cubatão- Memórias - Dos mangues aos bananais. Cap. VII
Uma Princesa de Praça:
Que cidade não tem uma praça? Acho que todas, mas com nome de princesa e com uma fonte luminosa, acho que poucas. Falo da Praça Princesa Isabel. Lá a gente se libertava literalmente. Havia uma fonte luminosa cujas águas subiam bem alto como cordões coloridos a tocar o céu. Até a lua quando cheia, dava um tempo, e distraída ficava a olhar, a olhar... Lá íamos passear todos os finais de semana. Nossos pais nos levavam. Nas noites quentes de verão a sua névoa fina nos refrescava. No frio, ficávamos sentadinhos e encolhidos sobre seus bancos marmorizados, olhando o tempo que passava bem devagar. Foi ali na tarde do dia 29 de junho de 1.958 que nós e uma multidão de pessoas, festejamos a primeira conquista da seleção brasileira de futebol. (A taça do mundo era nossa).
Então, as eleições:
Na época de eleições, a nossa pacata cidade ganhava uma movimentação especial. Um colorido especial.
Eram os comícios que aconteciam ali onde hoje deve ser a Praça Getúlio Vargas.
Eu e alguns amigos, mal jantávamos e já corríamos para lá. Não que houvesse um interesse político naquele ato, isso não. Havia sim, o interesse pelos papéis coloridos das campanhas, e principalmente pelos broches do Carvalho Pinto, (o pintinho) a vassoura do Jânio e a peneira do Auro Moura Andrade, que ostentávamos orgulhosamente na lapela de nossas surradas camisas. Nada ligado à política, portanto. Mas, tudo em nome da conquista, o poder de ter conseguido um broche, ou um outro brinde qualquer.
Os comícios eram realizados sobre a carroceria de um caminhão. Tudo era improvisado.
Também era comum passar um avião, Teco-teco, jogando papéis durante o dia, ajudando nas campanhas.
Mesmo tendo o interesse voltado somente para os brindes, aquela fala veemente, e as promessas daqueles políticos, interrompidas constantemente pelo coro de “já ganhou”, de certo modo ainda estão vivas em minha mente, sem contar as marchinhas bem elaboradas cantadas até por cantores já consagrados em nosso cenário musical. Aliás, constato que em nossa política e em nossa gente, infelizmente, pouca coisa mudou.....desde aquela época!
José Alberto Lopes®
Dez. 2012