O Presente Mágico de Natal
Neste natal não quero nada, para mim, propriamente
Mas, se quer lembrar a data, faça algo diferente
Doe ração a um abrigo, alimento ao indigente
Dignidade ao mendigo, brinquedo ao guri carente
E vai me ver de mão vazia, agradecida por seu presente
Mas, se quer lembrar a data, faça algo diferente
Doe ração a um abrigo, alimento ao indigente
Dignidade ao mendigo, brinquedo ao guri carente
E vai me ver de mão vazia, agradecida por seu presente
Com esses versinhos, respondi à pergunta “O que eu Não Gostaria de Ganhar de Natal?”. Talvez tivesse sido mais prática dizendo que não quero ganhar cosméticos, mas queria muito mesmo que o mundo fosse mais justo.
Cochilei pensando nisso e, em algum momento, fui acordada por um velhinho de barba branca, que deixou uma caixa dourada sobre a minha cama e desapareceu pela janela.
Desatei os laços que prendiam o embrulho e todo o ambiente foi envolvido por uma luz suave que logo espalhou-se pela janela.
Foi mágico!!
Ela deu dignidade, emprego, saúde e educação a todos, reconduziu crianças, idosos e animais abandonados às suas famílias onde passaram a ser muito amados. Aqueles que não tinham ninguém eram disputados em grandes torneios, pois muitos eram os interessados em cuidar deles.
As pessoas passaram a receber seus salários não de acordo com a sua formação, mas com a sua vontade para o trabalho. Assim, a sociedade inteira tornou-se próspera e produtiva, os hospitais ficaram vazios pois os médicos atuavam preventivamente, evitando as doenças. Políticos, policiais e juristas transformaram-se em professores, artistas, poetas, músicos e contadores de histórias, pois não havia mais necessidade de legislar, julgar ou litigar nada. E assim, o mundo inteiro tornou-se uma grande festa. Uma festa realmente inesquecível, onde as pessoas se davam carinho e afeto de forma gratuita e onde a alegria fazia-se ouvir, sonora, retumbante... Barulhenta, mesmo! Barulhenta demais e...
Acordei aos sons da rave no vizinho. Não, não podia ser só um sonho!! Ansiosa, liguei a TV, na expectativa de que houvesse alguma notícia sobre a mudança provocada por meu presente e nada, só as mesmas desgraças de sempre. Decepcionada, desliguei o aparelho e joguei-me na cama. O braço bateu em algo e eu abri os olhos para ver o que era. Ao meu lado, havia uma linda caixa dourada. Nem pude acreditar!! Enchi-me de esperança e, num puxão afobado, arranquei os laços que atavam o pacote. Abri-a de uma vez, para que a luz pudesse logo se espalhar pelo mundo... Porém, ao invés disso, observei, desapontada:
- Cosméticos!?
Crônica publicada no Jornal Alô Brasília em 14/11/2012, e reeditado do texto homônimo, publicado neste Recanto em 12/12/2011.