“ESTE JACÓ TEM MISTÉRIO” Por Valdemiro Mendonça.
Esta é uma crônica que classificaria como HUMOR, ela tem
muito do que acredito em seu conteúdo, desenhado de uma forma
gostosa e certamente muito responsável e bem humorada, até
mesmo a questão da descendência, que de ALGUMNA FORMA nos
imputa uma responsabilidade maior, psicologicamente...
Adorei o texto e agradeço de coração ao mestre Valdemiro
Mendonça por seu desprendimento, gentileza e consideração, que
apenas Deus pode retribuir devidamente...
“ESTE JACÓ TEM MISTÉRIO”
Tava eu ali no Brás no bar da esquina perto do viaduto
sobre o Tamanduateí na Av. do Estado tomando um chope,
percebi um ajuntamento e uma porção de jornalistas correndo,
flash espocando, perguntei a um chegante o que era aquela
euforia? Ele disse; é um escritor famoso e poeta, Jacó Filho que
só fica no seu recanto e acabou saindo do canto e está cumprimentando o povo: “e que Deus nos abençoe e ilumine
sempre”. Eu repeti: o Jacó, ó céus, sou fã dele de carteirinha,
vou pedir um autografo, já ia saindo e fui seguro pelo garçom
que disse: primeiro pague o chope e depois até pode dar uma
de boneca deslumbrada “ô” caipira. Bem... Caipira, nem ligo,
mas “boneca deslumbrada”? Caracas meu, ele pegou pesado!
Se dane, quem me conhece sabe que sou passional e meus
impulsos são honestos.
Paguei o chope e me mandei para o ajuntamento
abrindo caminho às cotoveladas entre os milhares de pessoas
que se juntaram para ver a vedete... Melhor não, “o poeta”,
soa melhor. Quando consegui chegar perto do nosso herói,
ele me olhou e para meu espanto disse: este jeitão caipira,
cabelos brancos, chapéu preto e viola na cacunda, só pode
ser o Trovador das Alterosas... Gente quando ele mencionou:
“Trovador das Alterosas” só ouvi os jornalistas perguntando,
quem é este, já ouviu falar fulano? E outro respondia: ouvi
não sicrano, e o beltrano, eu também não e aí retruca o
sicrano, eve ser algum macaco de auditório, nada importante.
Pô, sacanagem meu!
Bem, o poeta não esperou e me abraçou e foi aí que
entramos de novo no mesmo bar que eu estava e desta vez o
bendito garçom disse: Poeta Jacó o que consumir aqui é tudo
por conta da casa. Eu perguntei, eu também? Ele me olhou e
disse: pô meu, vê se te enxergas, aqui não é lugar de
vagabundo... “Tudo porque carrego a viola”. Falei tá, sim
senhor, eu pago o meu chope. Sentamos-nos e o Jacó
perguntou: E aí trovador quais as novidades, olhou pra
minha cara, analisou e continuou, está precisando de alguma
coisa, velho? Pelo menos foi mais suave, pois, os paulistanos
me chamam é de veio. Eu respondi: Mestre soube que o
senhor é chegado do povo lá de cima, ele perguntou: De
cima onde? Se for do pessoalzinho de Brasilia tô fora, e eu
disse mais que depressa, não mestre é do povo lá do céu...
Aguardei uns três minutos até ele responder, aí ele
disse: Bem eu realmente me considero uma figura bastante
conhecida por ali, porque, o amigo precisa de alguma coisa
de lá? Posso enviar um email e lhe pedir uma benção. Eu disse:
não professor, eu queria ir dar uma olhada por lá, sabe, é que
existe à possibilidade de eu me mudar pra lá e quero ver se os
alojamentos são bons, se tem computador disponível com
banda larga, estas coisas mínimas para que não me perca dos
amigos do recanto. Bom, ele disse: como estou de férias, eu
vou com você, mas que fique claro: terá de me obedecer em
tudo nesta visita certo? Eu disse: claro chefe, o senhor manda.
- Então saímos já. - Eu pensei, mas nem terminamos o chope,
bebi o meu de um gole só e paguei o valor cobrado, o dele, o
garçom além de não cobrar embrulhou mais quatro para viagem.
Saímos e pensei, ele deve pegar o seu Ferrari cinco ponto
sete, que nada ele passou perto do Ferrari e nem olhou, seu
motorista particular apenas acenou dizendo: boa viagem patrão
guardarei o carro na mansão da chácara Flora. Pensei, será que
vamos de Taxi? Caramba e eu sem dinheiro,o jeito vai ser entrar
no lis. Que nada, ele passou direto e andamos até o rio Tietê,
tinha um pneu de trator que descia boiando e ele pulou em cima
e eu o segui, fomos descendo o rio, até acabar as espumas dos
detergentes da capital o pneu era grande e deu para a gente
deitar, quando acordamos, estávamos passando por Iacanga
e depois veio Arealva logo vimos uma placa: “Bauru”, saltamos
do pneu e pegamos uma carona em cima de uma carreta
carregada de osso de boi, ô trem fedido. E passamos por
Ribeirão Preto, Franca e saímos em São Sebastião do Paraíso
já em Minas Gerais, passamos por Furnas um lago lindo de
águas azuis e chegamos a Belo Horizonte, saltamos da carreta,
e daí em diante fomos a pé os cinquenta quilômetros na rodovia
da morte e entramos na estrada de Caetés, desviando logo na
primeira placa: Serra da Piedade. Eu simplesmente não acreditei,
e o disse ao mestre. Mestre, o senhor quer dizer que é aqui o
céu, tão perto da minha cidade? Ele respondeu; não gafanhoto
trovador, primeiro se passa pelo limbo, depois sim, nos atiramos
de lá de cima, sobrevoamos o inferno e aí sim chegamos ao céu,
Ponderei... É tem lógica.
Ele disse e fizemos numa boa, nem me preocupei em saltar
a pedreira de quase dois quilômetros de altura, saímos voando eu
me perguntei, será que é sonho? Ele agora investido dos seus
misteriosos poderes leu-me telepaticamente dizendo; Não é sonho
gafanhoto, ali em baixo é o céu, desçamos. Céulisamos numa boa
e nos dirigimos a um enorme portão, com um senhor barbudo
sentado numa cadeira de balanço numa porta menor e ao ver
o mestre abriu os braços e gritou Jacóóóóóóóóó, o abraço foi
de quebrar ossos,e os dois ferveram no papo como se conhecesse
há anos.
Estranhei foi às palavras do barbudo ao falar com o mestre: ora,
pois-pois é Jacó “o preferido”, fiquei pensando, sempre acreditei
que São Pedro era Judeu e descubro que ele é português, vai ver
que estava tentando descobrir o caminho para as índias e antes
de descobrir o Brasil acabou encontrando o outro mestre por lá
perto do mar da Galiléia e quando o outro mestre, aquele; sabe não?
O maior de todos, então quando ele mandou o Pedrão jogar a rede
lhe dizendo num sotaque meio caipira: agora Pedrão, és pescador
de aurmas...
O Pedrão atirou a rede e ela saiu cheia de metralhadoras, dezenove
fuzis Urca, dez AK quarenta e sete e duzentas armas automática
com a numeração raspada, - xiiii á vai o trovador gafanhoto
divagando outra vez, exclamou o mestre que nestas alturas já tinha
matado a saudade de Pedrão e ouviu deste:
- Sabe quem perguntou por você aqui estes dias Jacó? E o senhor
dos mistérios respondeu perguntando, sei não quem?
E Pedro: a Dalena.
E o mestre: - mesmo, e ela continua arrependida? E Pedro:
não, agora ta noutra, virou professora de crianças da favela:
“bobeou vira esqueleto”... Aí o mestre apelou, pare de
escrever besteira trovador gafanhoto, senão desisto de ser seu
estre. Tá mestre desculpe, aproveitei e perguntei se tinha banda
larga lá e o Pedrão falou que tinha quase NETE, aí eu disse:
vamos embora mestre, ainda vou ficar mais um tempo lá na terra.
Ele respondeu perguntando: E aí gafanhoto trovador,
aprendeu a lição: respondi sem mais perguntas, mas matutando
depois, aprendi sim mestre... Gente; Será que o mestre é
encarnação do Jacó pai do Isaque que gerou: Esaú e Jacob
que gerou um montão de descendentes até chegar ao Jacó
do bandolim e que talvez seja o pai-rente do nosso poeta e
mestre Jacó filho? Sei não. Mas se for, explica porque este
nosso amigo, grande poeta, escritor, mestre e pessoa tão
querida é assim tão carismático. Bom ter viajado com ele nas
dobras do pensamento, enganando a imaginação e colocando
verdades nas entrelinhas dos sonhos que movem os que
escrevem para se enrolar no tempo e divertir quem lê.
Fuiiiiiiiiiiiiiiiii.
Trovador.
Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 17/12/2012
Código do texto: T4039960
Classificação de conteúdo: seguro
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Obrigado mestra Ana Flor do Lácio:
Jacó Filho tem mistério
E suave perfume de flor
Sua poesia é refrigério
Pra quem carece d´amor!
Um texto
homenagem maravilhoso,
para o mestre que merece!
Parabéns a ambos!
Um abraço.
Para o texto: “ESTE JACÓ TEM MISTÉRIO” Por Valdemiro Mendonça. (T4041355)