A Verdadeira Liberdade

Lá estava eu deitado em minha cama, no escuro, ouvindo os carros passando lá fora e o som da chuva batendo no chão da rua. Minha mulher entrou pela porta do quarto e começou a reclamar, alguma coisa sobre eu ter esquecido de pagar uma conta no banco, não prestei muita atenção. Ela anda estranha ultimamente, reclama de tudo. Nisso, fechei os olhos com toda a força e desejei estar em outro lugar diferente dali. Minutos depois - ou horas talvez? - saltei da cama. Tinha tido uma ideia. Tinha me lembrado de que era livre, que ela não mandava em mim e se eu quisesse sair dali eu poderia. E foi o que fiz. Peguei meu carro, um Palio 1.4, e dirigi o mais rápido que pude. Abri a janela do carro e senti o vento golpeando meu rosto. Mas essa sensação era boa. Era como um banho. Um banho de liberdade. Depois de um casamento na beira do fracasso e noites mal dormidas no sofá, esse banho de vento não golpeava meu rosto mas também minha alma. Pela primeira vez em muito tempo me senti vivo. Foi aí que me toquei e quando percebi era tarde demais. Um caminhão veio em direção ao meu Palio. Uma luz forte tomou conta de minha visão e eu não pertencia mais àquele corpo. Eu era apenas mais uma alma que finalmente conseguira a verdadeira liberdade.