COISAS QUE NÃO SE EXPLICAM
Ysolda Cabral  
 
 
Quem quiser que não credite, mas aconteceu comigo e vou contar:
 
Hoje acordei bem disposta, depois de oito horas de um sono tranqüilo. De café da manhã; soneto e flores que me deixaram como que flutuando no ar.
 
- Como é bom estar apaixonada!  Tudo fica mais bonito, mais completo... Tudo tem sentido.
 
Banho tomado, roupas e sapatos confortáveis posto que, o ortopedista recomendou prudência com a região lombar e com os tendões de Aquiles. Uma colônia suave; protetor solar, um pouco de brilho nos lábios e estava pronta para o trabalho.

Nem o trânsito intenso das sete da manhã me tirou o estado de graça e de felicidade... Tudo estava bem, muito bem e eu me sentia amada, bonita e  feliz.
 
A manhã decorreu sem grandes atropelos.

Na saída para o almoço, senti um calafrio quando o Segurança, o qual  gentilmente abriu a porta para mim,  me disse para ter cuidado ao atravessar a avenida, como diz todo santo dia. Eu sorrio e agradeço sem me alterar.
 
O sinal fechou, atravessei a avenida e logo estava no restaurante, porém já sem fome e sem disposição. Almocei e retornei mais cansada que antes e por pouco não caí de cara no chão na calçada, ao tropeçar no nada.
 
Levei um encontrão, que quase me arrancou o braço e por pouco não fui atropelada por um motociclista.
 
Quando cheguei de volta  à minha sala, não tive disposição de ir ao toalete escovar os dentes. Deixei-me cair numa cadeira, como se tivesse um fardo nas costa de grande peso. Comecei a bocejar; lacrimejar e a não sentir o braço. Minha amiga e colega de trabalho Belinha - Arlete Bello, 82 anos de sabedoria, disposição, saúde e lucidez - percebeu que eu não estava bem.
 
De repente senti que um sono incontrolável iria me derrubar da cadeira.
 
Pensei em Deus e rezei, rezei com fé, muita fé.  Voltei a me sentir bem.


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Nota: Quem quiser saber mais sobre a minha fantástica amiga Belinha  leia a crônica '' Uma Garota de 82 Anos''. O link é : 


http://www.recantodasletras.com.br/homenagens/2951677