QUERER É PODER

Todo dia quando vovó chegava trazia-me amendoim torrado. Criança adora pequenos agrados, doçuras, guloseimas e eu criança não era diferente. Mudou o tempo, no entanto as crianças são as mesmas...

Um dia quando vovó veio nos visitar e não trouxe nada, eu fiquei triste e senti a falta do agrado. Recolhi-me num canto e fiquei esperando que alguma coisa acontecesse, não sabia o quê... De repente caiu no chão, perto de onde eu estava sentado brincando uma quantidade de uma mão cheia de amendoins torradinhos. Olhei para todos os lados e não vi ninguém. Juntei um por um e comecei a comê-los feliz.

Até hoje eu não sei quem jogou o amendoim pra mim, nem quem poderia saber que eu o queria. Vovó já tinha ido embora, minha mãe não estava em casa, tinha ido leva-la até o ponto de ônibus e não tinha voltado. Eu devia ter uns quatro ou cinco anos nesta época.

Minha vida sempre foi assim cheia de surpresas de eventos inexplicáveis. Este é um deles que eu não consigo nunca encontrar uma razão, até porque nunca tinha contado pra ninguém, pois sabia que talvez ninguém acreditasse em mim ou me chamasse de doido. Porem criança não é doida. Criança fantasia, mas tudo aquilo foi tão real, não foi produto de uma fantasia, mas de um desejo de criança que se realizou talvez pela materialização do querer.

Levei isto pra minha vida inteira, para ter certeza de que quando eu quisesse alguma coisa deveria ter aquilo como objetivo e batalhar para conseguir o que quisesse. Quando adulto tudo sempre é mais demorado, tudo é mais difícil, mas eu aprendi nas minhas aulas de psicologia que “querer é poder”. Nunca mais fugi dos meus desejos, continuei sempre tendo a certeza de que cedo ou tarde tudo sempre acontecerá...

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17.12.12