Noite Feliz, a canção


     Primeiro, queria dizer, que encerrei minhas idas aos Shoppings. A partir de hoje, portanto a menos de uma semana do Natal, nem meus netos, que podem tudo, me farão dar uma passadinha por lá; por mais rápida que seja, e nunca será.
     Com essa decisão, abro mão das visitinhas que invariavelmente faço às livrarias, coisa que muito gosto; deixado, em consequência, de conhecer os "últimos lançamentos".
     Através da Internet, correndo todos os riscos, estou comprando os livros que pretendo dar aos amigos e parentes, como presente de Papai Noel.
     Anunciada essa decisão, acusam-me (injustamente, claro) de que, no momento, minha preocupação maior é com o peru natalino; com o peru e com o vinho que devo beber na hora em que, nas igrejas, se estiver cantando: Gloria in excelsis Deo et in terra pax hominibus bonae voluntatis, ou seja, "Glória a Deus nas alturas e paz na Terra aos homens de boa vontade". 
     Aproveito para perguntar: onde estão, neste instante, na Terra, os homens de boa vontade?
               ***  ***  ***
     Uma jovem chamada Marieta, que não conheço, lá do Ceará, indaga-me, por e-mail, como, quando e onde nasceu a canção Noite Feliz.
     Disse, ter sabido que eu fora seminarista e que por isso estava na "obrigação" de conhecer detalhes sobre o que muitos consideram o hino oficial do Natal.
     Pelo seu e-mail, vi tratar-se de uma pessoa com pouca intimidade com o computador. Senão, acho eu, ela teria acessado o Google e colhido dados seguros sobre a história da canção Noite Feliz
     Seja lá como for, a verdade é que a indagação que me faz a jovem Marieta ajudou-me a rabiscar esta crônica natalina; embora sabendo que escrevo sobre o "óbvio ululante".
     Mas será mesmo que todo mundo sabe como, quando e onde nasceu a canção Noite Feliz?
     Pela pesquisa auricular que realizei, convenci-me de que muita gente, e gente boa, canta Noite Feliz sem saber nem quem são os autores, os compositores dessa doce canção religiosa.
     Diria que se eles vivessem nos dias de hoje, estariam recebendo uma grana legal que lhes seria assegurada pelo Direito Autoral. 
     Noite Feliz, dizem os pesquisadores, é a canção mais tocada e mais cantada em todo o mundo; com versões em aproximadamente 45 idiomas.
     Pena que São Francisco de Assis (Século XIII)  não a tenha conhecido. A usaria no seu presépio como a canção de ninar do Bambino, assim ele chamava o Recém-nascido. 
     Presépio, aliás, que poderá ter sua configuração tradicional alterada com a retirada dos animais e dos Reis Magos que aparecem em torno da manjedoura. Como quis que assim fosse o Poverello de Assis, o seu criador.
     É que, segundo o mais novo livro do Papa Bento XVI, A Infância de Jesus, no presépio não havia carneirinhos, vaquinhas e Magos. 
     Faço essa afirmação com o máximo cuidado porque essa notícia me veio através dos jornais. Não conheço esse livro do Papa Ratzinger, o terceiro sobre a vida do Mestre. Ele ainda não chegou às livrarias.
     Mas voltando ao tema dessa crônica.
      No meu seminário, dirigido por franciscanos alemães, ouvi Noite Feliz pela primeira vez. Cantávamos: Stille Nacht, Stille Nacht! Heilige Nacht! Por isso, pensei inicialmente que essa canção tivesse nascido na Alemanha. 
     Anos, muitos anos depois, descobri que Noite Feliz é uma canção austríaca. E passo a contar, em poucas linhas, como ela nasceu, tentando responder a idagação da jovem cearense.
     Olha, Marieta, na Missa do Galo de 24 de dezembro de 1818, rezada em Oberndorf, pequenina cidade da Áustria, nasceu Noite Feliz.
     A letra é do modesto padre austríaco Franz Joseph Mohr (1792-1848); a melodia é do seu amigo, o compositor Franz Xaver Gruber (1787-1863). 
     Aí está, Marieta, a história simples de uma das mais belas canções natalinas. Não sei se você concorda comigo quando digo que, sem os acordes de Noite Feliz, o Natal perde um pouquinho de sua ternura.
Felipe Jucá
Enviado por Felipe Jucá em 16/12/2012
Reeditado em 29/12/2020
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