UMA VIAGEM AO CARIBE

Estivemos no Caribe. Uma viagem programada juntamente com marido, filhos e netos. Um lindo resorts em Punta Cana, na República Dominicana.

Lá o vento ouriça a copada das muitas palmeiras que enfeitam as praias. O mar de um azul infinitamente belo confunde-se com o céu altaneiro, numa policromia indescritível refletida na incandescência dos raios de sol.

Tudo muito bonito, numa arquitetura rebuscada entre jardins à beira do mar. Fartos restaurantes e bares, onde os drinks e guloseimas se multiplicam na diversidade da predileção de vários povos, com seus muitos costumes e dialetos. Os serviçais gentis e contentes. Um paraíso, pensei.

O apartamento a nós destinado era grande, bonito, bem servido por varanda, leito nupcial convidativo, com brancos lençóis, ar refrigerado e uma saleta para a reunião da família, incluindo um cafezinho feito na hora, cuja cafeteira elétrica postava-se num canto.

Entretanto, o sorriso que me aflorava, impulsionado pela satisfação, recolheu-se medroso, arredio, pois, apesar de o banheiro ser espaçoso era disposto de maneira que não permitia o acesso da cadeira de rodas à bacia sanitária, a qual também não era assessorada por ducha higiênica. O chuveiro postado sobre uma banheira ser-me-ia também impossível usá-lo.

_ Todos os banheiros têm a mesma disposição arquitetônica, informou-nos em espanhol um assistente na recepção. Nada a fazer, pensei.

Somente a aceitação e a força do amor teríamos à nossa disposição, naquele momento. Afinal, quase 10 horas de voo pelos céus das Américas significavam a obstinação pelo esperado descanso naquelas praias caribenhas.

Não poderia perder o entusiasmo, pois a minha decepção contaminaria o grupo familiar. E isso, eu não faria jamais. O jeito era tocar em frente, feliz e contente.

O cheiro do mar e o barulho de suas vagas incitavam-nos a desbravá-lo. Isso eu poderia fazer! O mar sempre me encantou pelo marulhar de suas ondas. Vejo Deus em suas águas.

Qual não foi a surpresa ao notar que as minhas asas rodantes não alcançavam às suas margens. Não havia por ali uma passarela que nos levasse até lá.

Apenas pude ver de longe o seu babado de espuma que se desfazia distante. O areal arqueado e longo, com suas muitas choupanas, era o empecilho que, mesmo de longe, não me deixava ver a família entre as suas vagas. Tive que reverter a tristeza em largos sorrisos e agradecer o que eu ainda poderia fazer.

Ora, restavam-me outros enleios: as flores, a diversidade daquela gente, comunicando-se em vários idiomas, o poder estar ali com a família, os netos que se debulhavam em gracejos e alegria, as refeições juntos, os passeios pelas alamedas e o parque que tanto encantou às crianças e a mim também.

Eu estava sempre presente, interagindo, torcendo, sorrindo, conduzindo as crianças no meu scooter, como se fosse um grande velocípede em trilhas. E assim, eu dava e recebia amor.

Com o enfrentamento das dificuldades, não me foi possível voltar ilesa. Um ferimento foi adquirido na na região glútea, ao atirar-me sobre o sanitário incompatível com as minhas necessidades.

Foi o que pude fazer. Mesmo ajudada, a marca ficou e precisa ser tratada.

A palavra INCLUSÃO é meio desconhecida por ali, apesar de eu haver visto muitos idosos e com deficiências, perambulando pelos seus jardins.

Que pena!

MEU BRASIL BRASILEIRO, COMO GOSTO DE VOCÊ!!!!

Genaura Tormin
Enviado por Genaura Tormin em 16/12/2012
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