O fim do mundo e o Natal
O próximo dia 21 de dezembro marcará o final de um ciclo segundo calendário Maia. Profundos conhecedores deste calendário explicam que haverá um alinhamento do sol com o centro da via láctea, que ocorre a cada 26 mil anos. Enquanto o dia 21 não chega – e tem muita gente pensando que o mundo vai acabar, prefiro viajar até a minha infância que, apesar de menina pobre, foi bonita!
O aroma espalhado pelos pinheiros verdadeiros criava um poder enorme dentro de mim e eu sentia a presença do Menino Jesus no Presépio da Igreja, e todas as imagens criavam vida. Os anjos carregavam luzes em suas mãos e eu assava horas querendo escolher qual anjo era o meu: o de manta azul ou o de manta amarela.
O caminho para se chegar até a manjedoura era feito com areia bem fininha, peneirada cuidadosamente, até a mistura de anilina, para ficar bem azulzinho, cor de harmonia... (Já viu caminho azul?) - As flores que chamávamos “sempre vivas” eram penduradas nas varandas das casas para secagem e serviam de enfeites no estradinha que levava até onde estava o burrinho, José, Maria e um garotinho lindo, recém nascido. Papelão pintado virava teto da manjedoura!
Sempre havia alguém tomando conta da pequena cerca pintada de branco à volta do presépio. Nenhum de nós ia querer perder o privilégio de tomar conta do Menino Jesus. De vez em quando eu jogava uma balinha pra ele. Podia estar com fome, né?
Dentro de alguns dias ganharíamos um vestidinho novo, o sapato iria pro sapateiro para trocar o solado e... Talvez (talvez!) a gente ganhasse um presente, mas as balinhas eram garantidas!
Era proibido falar rispidamente; mentirinhas então, nem pensar! - acho que esse era verdadeiramente o único pecado que cometíamos – enganávamos nossos pais com simplicidade e ternura – (minha mentira favorita era aumentar a pontuação das minhas notas de matemática) - nem era considerado pecado...
Os abraços eram mais efusivos, os amores enormes, generosos, belos, fiéis e amigos. Chegava o dia de tomar guaraná, ir à casa da madrinha com o coração aos pulos (quantos natais ela me acalentou os sonhos...), colocar o vestidinho de babado, tomar taiadella (sopa italiana), macarrão feito em casa, pudim de leite condensado!
Quatro dias antes deste natal, quando o calendário Maia cumprirá seu curso, poderíamos pensar um pouco sobre qual seria um caminho melhor para o mundo. Que toquem todos os tambores, mobilizando todos nós para que todos se tornem melhores, nem que seja um pouquinho.
(Domingo de calor e reflexão)
O próximo dia 21 de dezembro marcará o final de um ciclo segundo calendário Maia. Profundos conhecedores deste calendário explicam que haverá um alinhamento do sol com o centro da via láctea, que ocorre a cada 26 mil anos. Enquanto o dia 21 não chega – e tem muita gente pensando que o mundo vai acabar, prefiro viajar até a minha infância que, apesar de menina pobre, foi bonita!
O aroma espalhado pelos pinheiros verdadeiros criava um poder enorme dentro de mim e eu sentia a presença do Menino Jesus no Presépio da Igreja, e todas as imagens criavam vida. Os anjos carregavam luzes em suas mãos e eu assava horas querendo escolher qual anjo era o meu: o de manta azul ou o de manta amarela.
O caminho para se chegar até a manjedoura era feito com areia bem fininha, peneirada cuidadosamente, até a mistura de anilina, para ficar bem azulzinho, cor de harmonia... (Já viu caminho azul?) - As flores que chamávamos “sempre vivas” eram penduradas nas varandas das casas para secagem e serviam de enfeites no estradinha que levava até onde estava o burrinho, José, Maria e um garotinho lindo, recém nascido. Papelão pintado virava teto da manjedoura!
Sempre havia alguém tomando conta da pequena cerca pintada de branco à volta do presépio. Nenhum de nós ia querer perder o privilégio de tomar conta do Menino Jesus. De vez em quando eu jogava uma balinha pra ele. Podia estar com fome, né?
Dentro de alguns dias ganharíamos um vestidinho novo, o sapato iria pro sapateiro para trocar o solado e... Talvez (talvez!) a gente ganhasse um presente, mas as balinhas eram garantidas!
Era proibido falar rispidamente; mentirinhas então, nem pensar! - acho que esse era verdadeiramente o único pecado que cometíamos – enganávamos nossos pais com simplicidade e ternura – (minha mentira favorita era aumentar a pontuação das minhas notas de matemática) - nem era considerado pecado...
Os abraços eram mais efusivos, os amores enormes, generosos, belos, fiéis e amigos. Chegava o dia de tomar guaraná, ir à casa da madrinha com o coração aos pulos (quantos natais ela me acalentou os sonhos...), colocar o vestidinho de babado, tomar taiadella (sopa italiana), macarrão feito em casa, pudim de leite condensado!
Quatro dias antes deste natal, quando o calendário Maia cumprirá seu curso, poderíamos pensar um pouco sobre qual seria um caminho melhor para o mundo. Que toquem todos os tambores, mobilizando todos nós para que todos se tornem melhores, nem que seja um pouquinho.
(Domingo de calor e reflexão)