Biografia das alegrias de Natal
Eu faço uma volta no tempo e encontro um menino feliz. Feliz no jeito de ver a vida como um eterno paraíso para brincar lá numa cidadezinha de interior de Minas, lhe vejo vestindo calças curtas com bolsos traseiros, onde ele carrega suas bolinhas de gude. Menino desbravando o mundo à sua volta, descobrindo os mistérios, correndo livre sem se preocupar com nada, usando o dia e a noite para descarregar suas energias, que eram tantas.
E lá vai o menino feliz, sem apegos às coisas materiais. Menino correndo atrás da bola, caçando passarinho, comendo frutas no pé. A vida era o encanto de cada descoberta. Tinha na frente da casa uma serra como desafio para exploração, no sopé um rio que seguia preguiçoso para o banho, entrar escondido pelos pomares e sair carregado e jabuticabas, goiabas, mangas. Para menino era tudo uma alegria até chegar à casa e levar uma bronca da mãe com seus discursos de pecados e coisas erradas, que as famílias religiosas pregavam para educar os filhos, mas o menino ouvia e no outro dia fazia tudo de novo.
Vejo o menino montado no cavalo Almofadinha, que seu pai criava. Correria pelo campo como se fosse o Jerônimo aquele Herói do Sertão, que ele ouvia pela Radio Nacional num radio colocado na cozinha com uma antena amarrada numa vara de bambu no terreiro, o som era estranho mais ouvia as proezas daquele herói, e as propagandas de coisas que não conhecia a não ser pelo radio, mas o encanto é total.
Agora já vejo os olhos brilhantes de alegria do menino de frente a uma televisão de um senhor daquela rua, que deixava os meninos assistir sentados no alpendre da casa. Era bonzinho aquele senhor e assim o menino podia ver o filme do Rin-Tin-Tin, cada cena era imaginada com seu cão vira lata de nome Veloz. O som do Clarim reunindo os soldados para pegar um bandido, agitava o coração daqueles meninos que pareciam entrar pela cena. Na imaginação daqueles meninos estava o pedido ao pai para o presente de Natal que se aproximava, embora o senhor tenha dito que tinha que ter muito dinheiro, mas os meninos sabiam que o Papai Noel atendia menino que comportava bem na escola e que ia religiosamente à igreja aos domingos, então meninos sonhavam e esperavam.
Estou no fim do ano e olho para a rua e vejo o menino todo feliz, com seu boletim escolar nas mãos correndo pela rua gritando passei, passei. Era como um troféu para levar para a mãe e sonhar com um Natal de presentes. Então chega a noite de Natal, menino ansioso coloca sapatos perto da arvore e dorme. Na manhã de esperanças e alegrias o menino acorda e vê vários presentes como um carrinho de carregar terra, bola nova de coro, roupa nova e uma Conga novinha, tudo é festa naquela manhã e logo ele vai para a rua a exibir seu carrinho novo aos outros meninos. Não encontrou a televisão sonhada, mas sua felicidade com os presentes superou o sonho e se misturou aos meninos, para o dia que começava para novas artes e aventuras.
Toninho.
Então desejo a todos amigos e leitores,um Natal Feliz e que os sonhos de criança estejam a nos impulsionar para a esperança de um mundo melhor e mais justo.