COTAS DE PALAVRAS

Recentemente foi publicada uma pesquisa que teve a “paciência” de contar quantas palavras uma mulher fala por dia e chegaram ao surpreendente número de 20.000 palavras cotidianamente.

Existiu uma época em que trabalhei numa fábrica de remédios onde trabalhavam aproximadamente umas 800 mulheres e todos os dias éramos obrigados a ouvir as 800 mulheres falando simultaneamente e existia determinado momento que apenas o protetor auricular não era suficiente para barrar o “falatório” das queridas colegas de trabalho.

Num determinado dia eu e um colega de trabalho chamado Nelson resolvemos estabelecer uma cota de Palavras por dia para as colegas de trabalho e assim a gente colocava um determinado número num papelzinho e entregávamos as colegas e pedíamos que falasse somente aquela quantidade de palavras naquele período e ajudasse-nos a combater a poluição sonora no nosso ambiente de trabalho.

Quantas vezes nós fomos zombados com a tal da brincadeira, mas garanto que muito valia a brincadeira, pois a existência de um pequeno lembrete no papelzinho dizendo: Após sua cota encerrada, fique quieta, pois só assim começaremos a gostar de você!

Mas a brincadeira ia mais longe, pois enquanto a gente embalava milhares de remédios tentávamos criar uma história que reduziria drasticamente a quantidade de palavras faladas pelo ser humano e assim era a história:

Assim que nascêssemos à gente receberia uma cota de palavras e um contador regressivo e a cada palavra falada ia abatendo do contador até que a cota terminasse e a pessoa ficasse muda e aí a gente se divertia observando algumas colegas de trabalho e dizíamos:

- Tá vendo a Regina como fala, esta com apenas 20 anos garanto que ficaria muda! E a Tati também fala muito, garanto que aos doze anos de idade não pronunciaria mais nenhuma palavra.

E nossa mente divagava longe do ambiente de trabalho e ficávamos pensando em vários vendedores, palestrantes, alguns apresentadores da TV e sorríamos largamente.

Nossa brincadeira durou pouco, pois algumas colegas de trabalho temendo ficarem mudas denunciaram a gente para nossa supervisora que gentilmente pediu para que ficássemos calados. E assim prosseguíamos quietinhos embalando nossos milhares de remédios e sempre pedindo aos nobres pesquisadores farmacêuticos que inventassem um remédio que fizessem as meninas ficar quietas.

O tempo foi passando passando e nossa cota de palavras acabou e a mulherada continuou a falar desesperadamente e nós ficamos quietinhos num canto da fábrica observando a beleza das palavras faladas pelas queridas colegas de trabalho.

LUCASI
Enviado por LUCASI em 15/12/2012
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