PRAIA DA FAZENDA

E após percorrer a Rodovia Rio-Santos entre Caraguatatuba e Paraty entrando e saindo de praias vendendo meus sucos de laranja natural acabei conhecendo uma praia que era um verdadeiro paraíso, chamada: Praia da Fazenda em Ubatuba-Sp.

A primeira vez que estive nesta praia, fiquei encantado com tanta beleza natural e passados alguns meses resolvi passar alguns dias de férias em Ubatuba e entre algumas praias existentes no meu roteiro de férias estava a Praia da Fazenda.

Era uma daquelas segundas-feiras preguiçosas em que todo turista dorme até um pouco mais tarde e foi exatamente numa segunda-feira que decidimos passear nesta linda praia.

A pequena mochila contendo apenas nossos trajes de praia, óculos de sol e um vidro de repelente para espantar os "borrachudos" fora arrumada no domingo à noite e ficamos ansiosos para o dia raiar e partirmos para nosso passeio encantador.

Precavi-me em passar em uma padaria e comprar alguns pães, mortadela, queijo, refrigerante e algumas cervejas para podermos degustar ao longo do dia na praia, pois já sabia da inexistência de comercio na mesma e lá fomos nós pegarmos o ônibus para o Núcleo de Picinguaba.

A viagem do centro de Ubatuba até a Praia não passa de uma hora e assim que entramos no ônibus, pagamos nossas passagens e recebemos um encantador bom dia de uma simpática cobradora que muito bela e sorridente começou a conversar conosco e dar detalhes sobre a praia entre os primeiros raios de sol que surgiam iluminando toda nossa felicidade.

A curta viagem pela estrada vai abrindo sobre nossos olhos a visão de várias praias maravilhosas e o aroma agradabilíssimo do ar espalhando nossos cabelos entre sorrisos de felicidade nos levava ao Céu.

Descemos na estrada e caminhamos alguns minutos até a Praia e a inexistência de qualquer ser humano deixou-me muito feliz e a sensação naquele momento foi indescritível, pois se existisse a possibilidade de pararmos um momento em nossa vida, com certeza aquele momento estaria incluído na relação.

Calmamente instalamos nosso guarda-sol na branca e limpa areia da praia, esticamos uma esteira, armamos nossas cadeiras de praia e ficamos eternos minutos apreciando a beleza das ondas que suavemente vinham nos saudar batendo nos nossos pés. Alguns cantos de pássaros eram ouvidos e tudo era encanto, qualquer lugar onde nossa visão conseguia alcançar era beleza espalhada pela natureza.

Resolvemos entrar no mar sem nenhuma roupa, completamente nu para podermos aferir a inexistência de qualquer ser humano na praia e assim fizemos e passados alguns minutos dentro da água escutamos ao longe o barulho de uma moto que foi aproximando-se e veio ao nosso encontro e subitamente parou a nossa frente e desceu um guarda florestal perguntando se tudo estava bem e nós morrendo de vergonha e tomando toda a precaução para não expormos nossa nudez dissemos que tudo estava maravilhosamente bem, o guarda subiu na sua moto e foi fiscalizar a extensa praia e assim que ele saiu nós saímos da água do mar e fomos nos vestir o mais rápido possível, muito envergonhado.

Lá pelas dez horas resolvemos fazer uma caminhada pela praia para explorarmos toda a beleza existente na mesma e ficamos encantados com a existência de uma bica de água que caía sobre as águas do mar e lá ficamos alguns minutos nos refrescando do intenso calor daquele dia.

Saímos da bica e entramos numa trilha e caminhamos alguns metros e logo desistimos em continuar e voltamos para praia para visitar um pequeno museu existente na praia, no núcleo de Picinguaba e os trabalhos e esclarecimentos aos turistas quanto à preservação da natureza é maravilhoso.

Estávamos sentados confortavelmente nas nossas cadeiras de praia conversando sobre aquele momento único e maravilhoso quando vimos ao longe um caiçara com uma enorme caixa de isopor e resolvi “puxar prosa” com o caiçara.

- Bom dia, o Senhor mora neste Paraíso? Perguntei ao homem e ele disse:

- Pois é, moro aqui desde que me conheço por gente.

- Sabe, gostaríamos muito de almoçar, o senhor conhece algum restaurante por aqui?

O homem sorriu, passou a mão pela imensa barba e disse:

- Olha moço, aqui não tem restaurante não..mas se vocês estão com muita fome pode ir lá em casa que minha “veinha” fez galinhada com arroz fresquinho e tá uma delicia!

A simplicidade daquele caboclo, homem do mar, deixou-me comovido e disse a ele que aceitaria almoçar com a família dele e assim combinamos que dentro de alguns minutos estaríamos na casa dele.

O homem afastou-se lentamente e disse: Olha to aguardando vocês lá na minha choupana!

A minha “patroa” olhou bem nos meus olhos e disse:

- Caramba Luiz, você não tem jeito não! “Serrar” comida na casa do caiçara! E nós vamos almoçar lá? E eu imediatamente disse:

- Claro que iremos, afinal ele nos convidou e é falta de cortesia desprezar tão nobre convite.

Desarmamos nosso guarda-sol e seguimos até a casa do caboclo com a barriga roncando de tanta fome, pois já passava das duas horas da tarde.

Assim que chegamos na humilde casa do pescador ele nos convidou a entrar e disse:

- Olha vocês não repare na simplicidade, esta simples casa foi construída por mim e esta é minha esposa e meus filhos. Abraçamos um por um entre o ciscar de algumas galinhas de rondavam nossos pés e sentamos num enorme banco de madeira colocado ao lado de uma enorme e rústica mesa de madeira sob um enorme pé de abacate e logo apareceu a esposa do pescador com um enorme caldeirão e colocou sobre a mesa ao lado de uma panela cheia de arroz.

Um pouco envergonhados fomos nos servindo e o aroma delicioso daquela galinhada feita no fogão à lenha, o barulho das ondas do mar a visão do mar e os sorrisos de satisfação e alegria transportava-nos a simplicidade e agradecíamos a Deus por aquele momento inefável.

Terminamos nossa refeição e despedimos do caboclo e prontifiquei-me a pagar pela comida e ele não queria receber de jeito nenhum, foi quando coloquei uma nota de dinheiro no bolso da surrada camisa do pescador, dei-lhe um forte abraço a saí com os olhos marejados por vivenciar momento tão sublime.

Era hora de voltar para casa, mas ainda houve tempo de eu correr atrás de algumas gaivotas que passeavam pela praia e gritar bem alto: Obrigado Deus por permitir vivenciar momento tão maravilhoso como este!

LUCASI
Enviado por LUCASI em 15/12/2012
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