DA VARANDA DE MEU APARTAMENTO...!

Estive alguns dias ausente porque sofri uma nova convulsão. Mas estou bem:

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DA VARANDA DE MEU APARTAMENTO...

Minha visão, cansada de ver concreto armado, aonde antes se podia olhar e apreciar muito verde com agradáveis e sonoros cantos de pássaros, agora só vê concreto!

Da varanda de meu apartamento no primeiro andar, só consigo avistar uma bonita piscina enfeitada em uma de suas partes, com flores amarelas que refletem na água azul cheia de cloro, barrilha e sulfato, além e apenas uma solitária pomba rola se banhando na água e se aquecendo no sol da manhã, além de muitos passarinhos de vários tipos também procurando suas antigas árvores que eram seus ninhos.

Logo cedo, ainda consigo ouvir desesperados cantos de pássaros em busca de seus antigos locais de cantorias e diversão em uma nesga de floresta às margens de um riacho! No horário da tarde, mais periquitos verdes invadem outro condomínio de casas, roubando seus lares. Ou seria delírio meu?

Também, da varanda em que estou sentado agora, sentindo a leve brisa do vento que entra pela janela da cozinha e foge pela porta de vidro da sala, só visualizo 11 torres de concreto de 18 andares, com quatro apartamentos em cada, construídos em um local de mata preservada, habitada por muitos pássaros migratórios! Em vez de aves, mais de três mil e quinhentas pessoas ocuparão apartamentos!

No local onde frequentavam as araras, papagaios, periquitos, macacos, preguiças, pacas, tatus, cutias e muitas outras espécies, hoje existem uma grande piscina que, por baixo dela, permitiu-se à construção de garagens de carros, cinema, salão de festas, salão de beleza e outras comodidades que nos trazem conforto, mas também preocupação pelo desprezo do homem com as florestas e os bichos que nela habitavam. Para que local foram “banidos” os animais de suas antigas propriedades? Não sei, mas me preocupo porque estou morando no lugar dos bichos, talvez como um bicho pensante também! Isso é a única coisa que me diferencia de todos os outros animais!

Mas, um alívio para mim e os animais: uma pequena nesga de floresta foi preservada no condomínio, insuficiente para continuar vendo e ouvindo o canto alegre e feliz dos pássaros que me acordavam com seus alegres cantos, o barulho estridente das araras vermelhas, o alegre pular de galho em galho de macacos da noite,o preguiçoso esforço do “bicho preguiça” para escalar as árvores e se alimentar de folhas! Tudo isso era lindo!

Para onde se deslocavam araras vermelhas, macacos da noite, e o bicho preguiça, que desfilava preguiçosamente seu andar lento, em busca de folhas verdes e frescas? Visualizava no final de todas as tardes e no início de todas as manhãs quentes de Manaus, pacas e outros animais de quatro patas. Para onde todos eles foram? Será que me restou apenas a indefesa pomba rola e os passarinhos apressados para me faz lembrar a grande quantidade de aves que existia no local. Aonde foram morar, agora?

Hoje, no total silêncio em que me encontro, ouço poucos cantos de pássaros teimosos que ainda frequentam as árvores que restaram na margem de um igarapé, por força de obrigação legal! É o local aonde ainda se escutam cantos dos pássaros, ou seria seu canto, apenas um lamento pela perda da floresta que havia antes? Não sei dizer!

Era uma festa para meus ouvidos, o barulho que faziam as araras, por vezes papagaios também se aventuravam a cantar no local. O espetáculo era lindo e eu graciosamente, filmava macacos da noite e araras da janela de meu antigo apartamento no condomínio ao lado! Hoje, tudo mudou. Só não mudaram as idéias que defendo os sentimentos que tenho e minha grande tristeza por ver mais um espaço de área verde ser transformado em selva de concreto!

carlos da costa
Enviado por carlos da costa em 14/12/2012
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