LEMBRANÇAS
Voltei a ter recordações. Rememorei diversas passagens de minha vida.
Lembrei-me da primeira bola de capotão, que ganhei no Natal. Acordei logo cedinho, dormindo na sala de casa, com ela colada em meu rosto. Que felicidade!
Lembrei-me das diabruras de moleque, com a turminha de infância, o Toninho, o Nini, o Vado, o Vlade, e alguns outros, indo para a “primeira barroca” que ficava no fim da Coronel Ortiz, onde passava um riacho. Ali tomávamos banho. Mais tarde, a fábrica de óleo Compol, recém instalada, veio poluí-lo. A “segunda barroca” ficava vizinha à Santa Casa. E a terceira, fechada por árvores, era escura, provocando medo em todos. Ninguém se atrevia a ir.
Lembrei-me do Grupo Escolar José Augusto de Azevedo Antunes, dos colegas e outros contemporâneos, do José Rafael, do Severino, que era deficiente físico e muito bravo, do seu Gabriel, inspetor de aluno, da Dona Isaura, Dona Penha, Dona Odila, Dona Olga, Dona Terezinha, estas todas professoras.
Lembrei-me da primeira volta de bicicleta (nunca fui muito chegado), sem as rodinhas laterais, e o belo tombo, caindo na valeta da rua, onde corria o esgoto.
Lembrei-me do primeiro gol, marcado de cabeça, no campo do Palestra da Vila Sapo, jogando pela Cruzada Eucarística.
Lembrei-me dos casamentos de minha irmã, com festa na casa da prima Olga, e do meu irmão Waldemar, com festa na casa onde morávamos, na Guilherme Marconi, com a presença do Prof. Amaral Wagner, Diretor do Américo Brasiliense.
Lembrei-me da primeira ida a São Paulo, de ônibus, com minha mãe Adelina. A passagem pelo Museu do Ipiranga. A parada no Parque D. Pedro II, a subida da General Carneiro, o sorvete de nozes das Lojas Americanas, e do chocolate da Sönksen.
Lembrei-me da passagem do Zeppelin pelos céus de Santo André, e a perda da Copa do Mundo de 1950, num triste domingo à tarde, enquanto jogava futebol no campo do Democrático, na rua Venezuela.
Lembrei-me dos jogos do Corinthians de Santo André, pelo Campeonato da 2ª Divisão, e dos contra os grandes clubes de São Paulo, assistidos no campo da Vila Alzira.
Lembrei-me dos domingos em que íamos eu, meu pai, minha mãe e o falecido irmão Roberto, a Campinas, no Colégio N. Senhora Auxiliadora, em visita ao Sebastião, saudoso irmão, ali interno. O colégio ficava numa fazenda, e o almoço era feito como pic-nic, embaixo das árvores.
Lembrei-me da ida para o colégio interno, o Arquidiocesano de São Paulo, onde passei vários anos de minha vida. Inesquecíveis!Lembrei-me de nossa ida a Franca, onde fomos participar de uma olimpíada promovida pelo Colégio Champagnat, co-irmão do Arqui. No futebol, fui marcado por Hélio Rubens, que, mais tarde, viria a ser grande nome do basquete nacional.
Lembrei-me do dia em que o Brasil enfrentou a Checoslováquia, no Pacaembu, em 1956, numa quarta-feira à noite, tendo os irmãos maristas me liberado para assisti-lo, numa rara exceção, como prêmio por meu desempenho no futebol. Grande jogo. Destaque para a dupla Zizinho e Luizinho!
Eis um relato de acontecimentos interessantes em minha vida. Não foram os únicos e nem os mais importantes, porém, ficaram gravados na memória, como passagens marcantes. Estando em minha lembrança, após tanto tempo decorrido, é porque tiveram certo grau de influência, e, também, serviram, fora de dúvida, para amoldar meu temperamento, minha personalidade, meu caráter. Por que não?