Reflexões de Fim de Ano__Da Minha Interação Literária

Estamos chegando a mais um fim de ano, momento oportuno para reflexões pessoais. Mas, no meu caso em particular, vou me ater a algumas reflexões sobre a minha interação literária - nem sempre pacífica - com grupos e sites literários, onde desconfio que já desfruto de uma notória fama de membro polêmico. Essa fama é justa ou injusta? Julguem vocês, ao fim deste breve relato sobre alguns dos meus arranca-rabos virtuais.

Fazia parte de uma comunidade de relacionamento social no Orkut, quando me deparei com o texto "A Arte de Gostar de Mulher" - um excelente texto! - postado por um sujeito que, no geral, exibia péssima redação. Desconfiei e fui fazer pesquisa, acabando por descobrir que o texto era de autoria do jornalista Rafael Marti, o que se configurava como um descarado plágio. Comuniquei o fato à dona da comunidade, que simplesmente riu de mim, alegando que eu estava ali para compartilhar e não para fiscalizar, e o que valia mesmo era a "louvável" intenção do plagiador de homenagear as suas amigas da comunidade. Eu perguntei para ela se o que valia mesmo era a intenção, então, no Dia Internacional da Mulher, ela aceitaria um presente com uma grana roubada da sua própria bolsa! Ela me mandou para "aquele lugar" e vocês, que bem me conhecem, devem imaginar o que eu respondi, não é mesmo? Resumo do quiproquó: comuniquei o fato ao próprio Rafael Marti, que exigiu oficialmente da dona da comunidade que os créditos daquela publicação fossem dados a ele, na condição de seu único e legítimo autor. A mulher curvou-se ao inevitável, mas me excluiu da comunidade, sob a justificativa de que eu era um "criador de casos".


Em certo grupo literário, descobri, quase acidentalmente, que um blogueiro usava um vídeo de uma garotinha loirinha, de uns 5 anos, supostamente bêbada, às quedas, para fazer humor negro, ou melhor, para fazer uma pegadinha de humor negro, pois anunciava que o vídeo era da "Verdadeira Loira Devassa". Não entendi por que todos aceitavam pacificamente aquilo, só entendi uma coisa: não sabia quanto a eles, mas, para mim, o vídeo era repugnante. Protestei, indignado, e caí fora do grupo.

Cansado de ver - e ter que engolir - membros de grupos literários, que se julgando "os bons" do pedaço, entram nos grupos apenas para fazer promoção dos seus blogs, sites ou livros - já que não publicam textos, mas, simplesmente, passam links de redirecionamentos para esses seus blogs, sites ou livros - eu criei o Grupo Nossa Toca Literária, grupo fechado, onde, quem fizer isso, terá o seu texto excluído na hora! Também terá o seu texto excluído na hora, o insolente estrangeiro que ousar postar em língua estrangeira. Que é isso, cara, estamos no Brasil, o grupo é de idioma português, e tu vens jogar na minha cara os teus textos, numa língua que não conheço e nem quero conhecer? Comigo não, violão, sou brasileiro e exijo respeito à minha nacionalidade!

E lá mesmo, no grupo do qual sou sou administrador, muita gente pediu o seu boné e caiu fora, alegando que eu queria ser ditador. Hum, parece que, para eles, ser ditador é não concordar com condutas inadequadas ou pedantes. Por outro lado, mesmo como simples membro de outros grupos, não me controlo - talvez porque nunca tenha me esforçado o suficiente para aprender a arte de engolir sapos - e dou algumas alfinetadas em quem faz tais coisas, a título de "interação literária". E algumas vezes tenho tido a satisfação e a alegria de constatar que tais alfinetadas surtiram efeito, já que os seus alvos passaram a exibir um comportamento diferente, ou, digamos assim, mais condizentes com os propósitos de um grupo literário que se preze.

Mas, estranhamente, jamais li, de qualquer administrador ou membro, um simples "apoiado" ou um "concordo com você". Parece que a sociedade tupiniquim da Internet acredita que somente as ofensas contra a Lei e a Ordem são passíveis de críticas ou de repúdios. As ofensas contra a cidadania, a ética e a moral, ah, deixa rolar, estamos aqui para nos divertir, não para brigar! Não será surpresa, pois, quando me pedirem para sair de outras comunidades, grupos ou sites, sob a alegação de que sou um criador de casos.


Aqui, neste site literário, a partir da minha crônica, "O Meu Recanto Era de Letras", publicada em 20/01/2012, travei uma batalha contra a progressiva perda da qualidade literária do site Recanto das Letras - que congrega mais de 50.000 autores e já foi referência para boa leitura na mídia virtual - ocasionada principalmente por dois motivos, a saber:

1. O acesso fácil e ilimitado ao Recanto das Letras por qualquer pessoa, seja ela um autor literário ou amante das letras, um idiota de carteirinha ou um imbecil e contumaz perseguidor virtual;

2. Grande maioria dos usuários descomprometidos - por incompetência ou por estar à procura de simples diversão - com uma literatura de boa qualidade, passam a desfrutar, através de várias manobras, inclusive tornando-se um "carimbador de escrivaninhas", de um largo círculo de comentaristas habituais, o que lhes vale um número espantoso de leituras e/ou comentários, na maioria das vezes, a textos pueris ou de mau gosto literário.

Foi uma batalha perdida, pois, apesar das várias manifestações de apoio recebidas, a Administração do Recanto não alterou um grau no seu processo de ingresso de novos usuários e, de modo geral, parece que prevaleceu a tese imbecil de que eu era um sujeito arrogante e preconceituoso - um professor que não queria aceitar as diferenças sociais e culturais entre os usuários do site, e que exigia que todos escrevessem corretamente - tanto que caiu drasticamente a quantidade de leituras e comentários aos meus textos.


Mas, de todos esses lugares, quando me pedirem para sair - sob a alegação de ser um criador de casos  -  estou plenamente convencido de que poderei sair descontente com todos, mas contente comigo mesmo, por conseguir manter até hoje os meus princípios e valores morais e éticos.






Santiago Cabral
Enviado por Santiago Cabral em 13/12/2012
Reeditado em 14/12/2012
Código do texto: T4034167
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