FESTA DE CONFRATERNIZAÇÃO

Ano passado, assisti a um programa cujo tema era:

“Qual foi o presente de Natal que você mais gostou e qual o que você mais detestou”?

Do presente que eu mais gostei, eu não me lembro.

Agora do presente que eu menos gostei, devido às circunstâncias, foi num almoço de confraternização onde sempre há o amigo secreto. Foi a minha primeira participação nessa estúpida brincadeira, participei em algumas outras, até que definitivamente abandonei.

Foi no Natal de 1968. A empresa de Auditoria em que eu trabalhava tinha uns 30 funcionários. O almoço de confraternização foi em um bom restaurante, cujos fundos davam para a represa Billings lá pelos lados de Eldorado. Nessa época havia muitas matas, quase não era povoado. Muitas coisas aconteceram nesse almoço que precisam ser lembradas. Eu sorteei o Oficce Boy da empresa. Comprei-lhe um par de abotoaduras, muito usadas na época. Chegou a hora do sorteio. Fui presenteado com um frasco de loção pós-barba. Acho que todos perceberam a raiva que fiquei. Depois fiquei sabendo que a pessoa que me presenteou, lembrou-se do meu presente quando estava a caminho, então parou numa farmácia e comprou esse presente de grego. Nesse dia o amigo secreto era secreto mesmo. Alguns sabiam e faziam fofocas depois. Eu fiquei p... porque o meu “mui amigo” secreto, só se lembrou no dia.

Em toda empresa existem aprontões e vítimas, nessa não era diferente. Os aprontões eram irmãos gêmeos e havia uma vítima sempre deles, pois vinham e voltavam juntos ao trabalho. A vítima fumava três maços de cigarro por dia, mas só comprava um. Dois terços eram filados. A vítima foi chamada, recebeu uma caixa pesada, muito bem apresentável. Quando abriu era um tijolo com um cartão onde estava escrito. “Para você começar a levantar sua casa. Esta é a pedra fundamental”.

O homem ficou possesso, pois sabia de quem tinha partido a brincadeira. Dos gêmeos, naturalmente. Mas antes que começasse um rebu, veio o verdadeiro presente: um isqueiro Zipo, charme para quem fumava. Os ânimos se acalmaram.

Depois do almoço, quase todos de cara cheia, uns mais, outros menos, fomos todos para o sanitário. Entre nós havia dois baixinhos e no sanitário tinha um vaso de micção para crianças. Eles não escaparam do “bullying”. Depois fomos todos para a represa.

O caminho era estreito entre as árvores e era de chão batido com alguns pedregulhos. Na frente ia a secretária, solteiríssima da silva e de pele bem branca, que tropeça e cai. A saia foi parar em sua cabeça e todos viram sua “calcinha” rosa. Risos não faltaram. Ela levanta toda rosada, mais que a calcinha, por que não dizer vermelha, olha para todos e com raiva diz altissonante:

- Quem viu e riu, vai ficar cego!

Isso foi mais que uma praga de bruxa. A entrada do escritório era pela sala da secretária que virando à direita seguia para a sala dos diretores e virando à esquerda seguia para a sala dos auditores. Na segunda feira, os gêmeos vieram trabalhar de óculos escuros e bengala branca. Eles passaram pela secretária contendo o riso, mas percebia-se que seus lábios estavam em biquinho, prontos a gargalhar. A secretária também não conteve o riso e foi aquela explosão. Mas a praga atingiu alguns. Um teve terçol, eu tive conjuntivite uns tempos depois e por algum tempo bastava um cisco no olho e todos se lembravam da “praga”.

Ganhávamos pouco, mas nos divertíamos bastante.

SANTO BRONZATO
Enviado por SANTO BRONZATO em 13/12/2012
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