CRÔNICA - NOEL, TRAGA MEU PRESENTE JÁ!!!!!
Adoraria chamá-lo de BOM VELHINHO, mas minha indignação não me perimite. Noel, Noel... papai-noel... cadê meu presentinho? Batia à meia do dia 24 de dezembro... eu já me deitava, claro, mamãe disse que papai noel estaria ali! Não conseguia dormir, ficava a olhar pra janela aberta... não tinha chaminé, o bom velhinho tinha que entrar mesmo pela janela! Gordinho que é, deixei uma marreta para ele arrebentar as bordas da janela e deixar no tamanho adequado... mas lá estava eu, roendo todas as unhas, tinha até pendurado uma meia, como mamãe me solicitou... mas o velhinho, nada apareceu... já era 1 da manhã, e nada! Levantei, fiz chocolate quente, na esperança do velhinho aparecer, a gritar: HO, HO, HO... FELIZ NATAL! Mas era uma espera desnecessária, ele já tinha falhado... Ah, voltei pro meu quarto, chequei a gaveta, na esperança do papai-noel me ter deixado uma carta, quem sabe um cheque? Mas não tinha nada, liguei o computador, pois pensei: Como o mundo está! Vai ver o papai noel tá navegando na internet e me enviou um email... também não tinha nada... Fui reclamar com a mamãe, ela disse assim: Vai dormir! Papai-noel não vem! Não queria dormir, queria desvendar o segredo do papai-noel. Saí para a rua, a olhar nas janelas dos vizinhos, para ver se o bom velhinho não tinha entrado numa dessas casas para fazer entrega e pegado no sono. Eu tinha esperanças de vê-lo roncando na casa de Xica, a vizinha, eu ia acordá-lo e mexer no saco dele... de presentes. Mas de nada adiantou! Ele tinha se esquecido mesmo de minha pessoa... me comportei tanto esse ano, pra nada? Fiz uma promessa de que ano que vem eu ia fazer muita bagunça! Mas muita mesmo! Esperei a noite passar... é, dormi um pouquinho,afinal não sou robô.
Na manhã seguinte, já acordei com a cabeça no papai-noel. Conversei com o meu pai, disse:
– Pai, esse ano me comportei bem à toa... o papai noel se esqueceu de mim! Tudo bem que são milhões de cartas para ele ler, mas a minha era toda colorida, chamativa, por que raios ele não a viu?
Meu pai olhou pra mim com uma vontade de dizer que papai noel não existe, mas uma vontade! Mas acabou por dizer:
– Filho, ouse se comportar mal esse ano que eu corto a internet e te passoa cinta!
Tudo bem, pai é quem manda! Não iria mudar minha linha e me comprotar mal, mas a partir daí não ia mais crer no natal. Aquele brilho que eu tinha nos olhos quando a época mais linda do ano estava chegando ia se apagar. O símbolo do natal era o velhinho gordo, bonzinho, com seu saco nas costas, e a barba branca longuíssima...
Ainda que eu quisesse esquecer tudo isso e voltar pro meu computador, a fazer bobagens como gostava, não conseguia tirar da cabeça o mistério do velho gordo que falhou no natal... "Será que ele foi atropelado na hora de sair do polo norte?"... "Será que ele dormiu no trenó"? "Será que as renas morreram de fome?"... resolvi reenviar uma carta... assim o fiz, e enviei para o correio lá de "Deus Sabe Onde"... Ao fim de minha dramática e verdadeira carta, ressalvei que me comportei bem, entre outras coisas... aí fiquei a pensar depois de ler, reler, treler minha carta...
SERÁ QUE o papai noel tá com preconceito comigo, só porque eu tenho 28 anos? Essa dúvida ninguém me matou!
Conto fictício.