CRÔNICAS CARIOCAS - CAMINHOS E MANHÃS

"Meu caminho é cada manhã

Não procure saber onde vou

Meu destino não é de ninguém

Eu não deixo os meus passos no chão"

Kiko Zambianchi in Primeiros Erros

Toda manhã, ao chegar no Terminal, percorro um caminho de exatos 1000 m que separa a área ADM ao Laboratório. É um caminho pedregoso, cheio de paralelepípedos, invariavelmente úmido e entremeado por antigas linhas de trem que escondem um passado ferrroviário do Terminal, ou melhor, de antes dele existir. Não é um caminho, digamos assim, de extrema beleza; há apenas os quero-queros gralhando alto para proteger a prole e muitos outros pássaros que, na ausência de predadores, povoam o TA Santos. Há também saruês e capivaras, mas estes são mais raros de avistar...

Porém, o último quarto desta caminhada diária é, talvez, o mais interessante desta trajetória: já no Pier, faço-o andando sobre as águas e a paisagem, como um todo, também não tem nada de especial. Não tem o mágico encontro do rio com o mar de Cabedelo, um verde-azul difícil de esquecer para quem já teve o privilégio de estar por lá; tampouco as águas escuras e lamacentas do estuário de Santos lembram o verde cristalino do mar de Suape, à beira de seu infinito quebra-mar. Não tem a tranqüilidade osbraniana de Uberlândia, com um silêncio ensudercedor, nem mesmo a vista gloriosa da Ilha Bela a partir de São Sebastião.

Também não dá pra fazer, em Santos, como fiz na Ilha d'Água, logo após o almoço em Falcônica presença: uma caminhada de 360° e contemplar a Baía de Guanabara, fazendo-me lembrar de Caetano em "O Estrangeiro":

"Baía de Guanabara,

E eu menos a conhecera mais a amara?

Sou cego de tanto vê-la, te tanto tê-la estrela

O que é uma coisa bela? "

Mas, é o meu caminho, e é em cada manhã que o faço. Muitas vezes pego carona e venho motorizado, mas na maioria das vezes eu prefiro fazê-lo à pé, são 15 minutos de reflexão nos cerca de 1200 passos contados entre o ADM e o LABSAN. Esse quilômetro me faz recordar de muitas coisas e refletir em outras e, especialmente hoje, a lembrança veio de uma outra segunda-feira, 8 de outubro de 2007, há exatos 5 anos, quando nos encontramos no mezanino do South American Copacabana: Eram 40 almas sendo apresentadas à empresa, uns aos outros e, principalmente, a si mesmos. Recordo-me das tardes ócio-filosóficas em Copa quando discutia com Gigio Geovane: "Daqui a 5 anos, quantos de nós ainda estarão na empresa?..." Pois é, esses 60 meses se passaram e aqui estamos nós, vivendo cada caminho, em cada manhã.

Minha mensagem de aniversário à melhor TQP do mundo (do mundo!) é que nada acontece por acaso e se há algum "erro" na letra do Zambianchi, é que nosso destino pertence, sim, a alguém (no meu caso, ao Papai do Céu) e creio que, se ainda estamos por aqui, é que temos algo muito bom a realizar para a empresa e para nós mesmos, coletiva e individualmente.

Não foi por acaso que nos encontramos, desde Edu cearense-belenense até os gaúchos Markowski, Wilfred e Kerber, mais conhecido como Branco-Alto); passando por Rafael e Cherubino, goianos por adoção.

Não é por acaso que ainda permanecemos juntos; pois algo muito forte nos une desde aquela manhã da primavera de 2007.