= O QUIOSQUE =
“...O QUIOSQUE.”
Em 26.11.012
Ronaldo Trigueiros Lima
(Ao amigo-irmão Arnaldo, companheiro de travessuras.)
Era praxe de muitos anos. Independente de chuva, frio, ou calor. Lá íamos nós, “os amigos do peito”, bater o “ponto” do divertimento explícito, “bebericar” tarefas do prazer. Pois é... Já éramos conhecidos e esperados, nossa presença era dada como certa, um fato comum dos finais de semana no “Quiosque da Celina”onde deglutiríamos os vislumbres do calçadão.
Nem tanto por beneficies, que a dita poderia oferecer, mas, sobretudo pelo passatempo imperdível, e agradabilíssimo que acenderiam pausas aos corre-corres das horas, dos atropelos da vida, colocando-os de “castigo”, ou em “ponto morto”.
Escolhíamos a mesa, devidamente equidistante das outras posicionadas, para que dessa maneira, gozássemos a liberdade da fluência das palavras atrevidas, formadoras dos diálogos estapafúrdios, que sempre rolam nos intermeios das cervejas, porções de batata, ou refrigerantes.
Assim, observando com “olhos de lince” o desfile habitual das pessoas pelo calçadão, acabávamos caricaturando “meio mundo”, com excentricidade de gestos, de jeitos, que por mais que disciplinados, se destacariam com suas peculiaridades, e de per si, compunhariam (essas boas almas) o deleite dos “bons vi vans noturnos”.
Tudo ficava entre agente mesmo, ao largo de quaisquer ofensas, ou espalhafatos. Era uma forma de brincar, brindar a adversidade do dia, com as anedotas contundentes, expurgando qualquer assunto mais sério de nossa pauta.
Era uma forma “pouco comum” de ver o tempo em seu passo a passo no compasso do sorriso. Além de punir a tristeza, pelas sombras cabisbaixas, alheias a alegria e a ventania.
Lá íamos nós, sem o perdão da palavra, prontos para as galhofas, tradutoras de olhares pontilhados, de ilusões imprecisas e improváveis.
Estórias sinuosas, divididas em capítulos, como novelas intermináveis, que certamente teriam continuidades, subsequentemente na semana seguinte, ou até mesmo, quando a eternidade se permitisse de novo ensaiar tal desplante.
Niterói, em 09.12.2012
Ronaldo Trigueiros Lima