POR ISSO AMO VIAJAR
Haviam dito que em Copenhague, ao desembarcarmos provenientes de Lisboa, Portugal, a Imigração nos pediria os passaportes, procuraria saber se tínhamos condições de nos sustentar e provas de onde ficaríamos hospedados, essas coisas típicas e comuns que acontecem à chegada de estrangeiros em suas cidades. No entanto, nada disso aconteceu, e nós estranhamos não apenas esse detalhe muito importante, mas também e principalmente o fato de termos entrado no Aeroporto de Copenhague, o Kastrup, um colosso incomensurável, e andarmos quase meio quilômetro naquela imensidão sem saber onde estávamos, nem mesmo nossa bagagem, apesar da pressa que nos afligia em enfrentar, o mais rápido possível, outro obstáculo ainda mais complicado à nossa espera. Desse modo, súbito nos vimos desembarcados sem passar pela Imigração e sem as bagagens. Em nossa caminhada sem rumo inesperadamente fomos deparar, para nossa alegria, com um guichê de informações turísticas, onde perguntei como pegar a bagagem. Gentilmente a senhora que nos atendeu deu as informações necessárias e lá fomos nós buscar nossos pertences.
Sem saber falar sueco, embora conversando em inglês tudo se resolvesse, desconhecendo onde, naquele gigantesco aeroporto, deveríamos comprar os tickets de trem para irmos para a cidade de Malmo, onde nos hospedaríamos, rodamos de um lado para o outro até, finalmente, avistar vários guichês e algumas máquinas destinados a esse objetivo. Uma senhora rabugenta nos atendeu e expliquei para ela que já estava de posse do cartão jojo, cujo uso dá desconto quando usamos na modalidade duo family, e queríamos comprar as passagens de trem para Malmo. A mulher me ohou como se estivesse diante de um E T, dizendo que era só ir até uma das máquinas e comprar. Sim, repliquei, mas minha senhora eu não sei manipular a máquina, acabávamos de chegar do Brasil e desconhecia todo esse sistema de informática sueco e dinamarquês. Ela deu um salto da cadeira onde estava sentada e pediu-me, com cara de poucos amigos, para acompanha-la, resmungando algumas palavras incompreensíveis na complexa língua dela. Foi à máquina de tickets, digitou e explicou tudo rapidamente, claro que não entendemos porcaria nenhuma, mas o importante é que as passagens foram compradas e nós descemos à plataforma de embarque.
Outro mundo de grandes dimensões nos esperava lá embaixo. E agora, havia dezenas de trens chegando e saindo, qual deles seria o nosso? Lembrando que todas as informações necessárias aos passageiros estavam escritas no idioma sueco, obviamente incompreensível para nós. Mostrei nossos bilhetes a algumas pessoas das centenas ali presentes, perguntei - era o único jeito - e, por fim, consegui descobrir em qual dos quase seis lados da plataforma embarcaríamos para Malmo. Imagine tudo isso e mais as bagagens que precisávamos levar aonde quer que fôssemos. Quando o trem certo chegou, embarcamos juntamente com uma multidão, puxando as malas, empurrando e sendo empurrado, procurando lugar para viajar sentado. Depois, acomodados, o trem partiu começando para nós nova etapa em nossa viagem para a Escandinávia.