Até quando o seu cérebro vai aguentar?
Sociedade capetalista. Sim, capetalista. Não se preocupe, não estou aqui para falar, como se espera que eu fale, sobre o sistema econômico, em tese. Quero falar sobre uma outra mercadoria deste século: o conhecimento.
Estou ciente que o conhecimento não passou a existir em nossa sociedade contemporânea, mas também estou ciente de que nunca houve tanta informação nem tanto conhecimento como hoje. Conhecer até faz bem. Mas... E conhecer demais? Será mesmo que filtramos informações? E o cérebro, até que ponto ele aguentará ser tão sobrecarregado?
Antes, em sociedades primitivas, enquanto para se dar bem socialmente, você deveria ser o mais forte, hábil e resistente. Hoje, você deve, sim, continuar sendo o mais forte, hábil e resistente...Mentalmente, falando, é claro.
Nascemos para o conhecimento. Aliás, antes de nascermos, somos fadados ao conhecimento. Nossos pais, antes mesmo de existirmos, já pré-destinavam nossas vidas. Alguns, talvez, até mais que outros, obrigando seus filhos a cursarem algo que, muitas vezes, nem fosse do gosto deles. Outros, embora deixem seus filhos livres para escolherem o que querem, querem, pelo menos, uma coisa: nível superior. Agora, pergunto-lhe: quantos anos de sua vida você precisa estudar pra se formar em um nível superior? No mínimo, são 16 anos de escola para aqueles que desejam se formar num curso superior de 4 anos de duração. Sim, 16 anos!!! O pior: você aprende tanta coisa, estuda tanta coisa, escuta tanta coisa e, no fim das contas, parece não saber nada. Parece-me que o cérebro já apresenta seus sinais de fraqueza. Está fadigado de tanta informação. Tanta informação cobrada, muitas vezes inútil. Decoramos, redecoramos e, no fim das contas, esquecemos.
Saindo um pouco do mundo escolar, nos voltamos para a internet. Será que temos ideia do quanto de informação existe online? Você pode saber tudo o que quiser com apenas uma busca e, possivelmente, com um click. Engraçado como se pensa que, quanto mais a sociedade avança, mais ela evolui. Mas estou pensando que estamos tendo uma evolução regressiva. Por que ter uma base social em que a informação, o conhecimento, são tudo? Por que desejamos que nossos filhos sejam extremamente inteligentes, que se esforcem, que tirem boas notas, que não falhem, que, posteriormente, façam seu mestrado e doutorado e fiquem, a vida inteira, defedendendo suas teses? Espera aí! Vida? Estamos criando pessoas estressadas desde a infância, muitas vezes depressivas, que são forçadas a fazer, constantemente, algo que detestam. Estamos criando pessoas com várias doenças geradas pela correria, pelo cansaço, pelo stress. Que futuro é esse que desejamos pros nossos filhos?
Acho que percebemos, agora, a mercadoria que se tornou o conhecimento. Não somos nada sem ele. Não conseguimos emprego sem ele. Mas nos tornamos, também, nada com ele. Porque um dia, tenho certeza, os cérebros de todos nós irão pifar. E presumo que isso seja breve.
(Abril de 2012)