DEUS SEJA LOUVADO!

Faço parte de uma linhagem familiar católica e em boa parte da minha educação escolar o ensino religioso consistia em discutir a vida de santos e outras entidades católicas, invés de discutir a Bíblia, de modo que, caso o indivíduo não fosse um ser dinâmico, ao consitituir-se como sujeito, boa parte de sua vida seria empregada à adoração às imagens, falsos deuses etc. Além da religião imposta pela escola e aplicada pela família, aulas de catequese e ensinamentos bíblicos nas missas aos domingos e às quartas-feiras fizeram com que eu me constituisse num sujeito temente a Deus. Porém, foram as experiências vividas por mim, na prática, que me fez ter certeza da existência de Deus em minha vida. Hoje sei que nenhuma folha de uma árvore ou mesmo um fio de cabelo se desprende sem o consentimento divino.

A própria religião que eu continuo seguindo e os princípios bíblicos iluminam meu caráter ao ponto de eu saber respeitar os costumes, as crenças e a cultura do próximo. Talvez eu não concorde, mas respeito muito. Isso não passa da minha obrigação de cidadão consciente.

Anos atrás surgiu uma polêmica em relação aos símbolos religiosos expostos nos locais públicos federais, assim como já tinham surgido opiniões a favor e divergentes sobre o ensino religioso nas escolas públicas e privadas. Agora, o novo questionamento dispõe da retirada da inscrição: “Deus Seja Louvado”, das cédulas do Real. Concordo com o ensino religioso nas escolas, mas defendo que seja um ensinamento focado necessariamente na Bíblia, para que o aluno não seja influenciado a seguir esse ou aquele preceito religioso, e sim, bíblico. Isso não é papel da escola. É da família.

Concordaria plenamente tanto com a retirada dos símbolos religiosos expostos nos locais públicos quanto com a retirada da expressão “Deus Seja Louvado” das cédulas do Real, desde que ao fazerem estas retiradas fizessem também a exclusão do preconceito, do egoísmo, da desigualdade social e de tantas outras influências ruins que vêm diminuindo o prestígio da humanidade.

Sabe-se que geralmente, o fato de um País ser laico favorece, através de leis e ações, a boa convivência entre os credos e religiões, combatendo o preconceito e a discriminação religiosa. Dessa forma, num país laico, a princípio, espera-se que todas as crenças são respeitadas, ou seja, não há perseguição religiosa. O Brasil é um País laico, isto é, apesar da maior parte de sua população ser católica, não possui uma religião oficial, mantendo-se neutro e imparcial no que se refere aos temas religiosos. Há em nossa Constituição Federal, artigos que garantem liberdade de culto religioso e também separação entre Estado e Igreja.

Essa preocupação com símbolos e dizeres religiosos aqui no Brasil não passa de uma banalidade. Confesso que, sou um cristão que, discordo em muitos pontos das doutrinas católicas, mas creio também que muitos cidadãos estão ignorando o fato de que foram os católicos quem começaram a transformar este País. Na verdade, justo e necessário é respeitar o pioneirismo religioso, sem desfazer das religiões surgentes.

Quando eu tinha entre onze e doze anos, um ser que estava mais para ignorante que para cidadão, adepto de outro seguimento religioso (o problema não estava na religião e sim no seguidor), acabou enterrando todas as imagens de santos de sua sogra e minha tia. Não fosse minha prima intervir, eu teria levado o caso à justiça. E aquele episódio mostrado pelas redes de televisão em que um religioso mal formado chutou uma imagem de Nossa Senhora! Pergunta-se: O que é menos agressivo: Enterrar imagens de santos desrespeitosamente, ferindo os costumes de um sujeito, chutar a imagem de uma santa, querer retirar todos os símbolos cristãos dos locaos públicos ou apagar os dizeres da cédula do Real? O que precisamos retirar, às pressas, do mundo e, principalmente desta nação abençoada por Deus é a corrupção, a desigualdade, a falta de amor ao próximo etc.

Se essa moda de querer bisbilhotar aquilo que não está prejudicando ninguém pegar, daqui a pouco, vão criar leis para cada classe, seja ideológica ou religiosa, o que já tentam fazer. O que um símbolo ou uma inscrição representa não está a julgo de nenhum Poder. São inerentes à cultura, simplesmente. Estou certo de que a religião só pode ser representada, e portanto ser julgada, se houver uma instituição responsável que possa responder por algo, como por exemplo, uma Igreja, organização etc. Um símbolo ou uma inscrição, nesses casos não respondem por si mesmos. Fazem parte do que é público. A decisão de mudanças perante a eles estão mais a caráter da sociedade como um todo que de uma instituição alheia às crenças e às culturas.

Gilson Vasco
Enviado por Gilson Vasco em 11/12/2012
Código do texto: T4031284
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