Queridas pessoas difíceis - Crônica Bônus III
Olá meus queridos e amados e fiéis 23 leitores!!!
Eis-me aqui com outra crônica bônus, fora do esquema tradicional das sextas final de tarde, para falar com vocês. Cheio de alegria, pois uma energia muito legal invadiu meu corpo e minha mente.
Pelo inusitado início da crônica, exacerbando nos elogios da primeira frase, vocês já devem ter percebido isso.
Estou a fim de realizar e, dentre as coisa a realizar, está a escrever crônicas para vocês, então vim aqui.
Peguei a Louise lendo meu livro do Charles Bukowski, O Capitão Saiu Para O Almoço E Os Marujos Tomaram Conta Do Navio. Excelente, adoro esse livro, crônicas muito legais e transparentes dele aos 71 anos (faleceu aos 74), recomendo. E ver o livro novamente (devia estar perdido em algum lugar da estante) me instigou a vir aqui.
Ontem fui na casa do meu pai e levei um carrinho pra ele, um modelo de fórmula 1 barato e que muda de cor se colocado na água gelada. Ele não se animou muito, o safado. Ele gosta de carrinhos, mas eu desconfio que ele pensou que eu estava dando de presente antecipado de Natal e eu sei que ele quer outra coisa, quer que eu ajude ele a pagar um rádio que ele comprou. Mas eu vou ajudar a pagar a bosta do rádio, até na real vou pagar todo o rádio pra ele, mas meu pai é assim, não fala as coisas mas eu saco o lance. Fosse em outro dia que eu tivesse dado o carrinho, ele iria gostar.
Ele gosta de enfeitar a casa no período de Natal, fica lá, brigando com os gatos da minha mãe (algumas dezenas deles) e reclamando quando as luzinhas apagam por algum motivo. Mas bem legais as arrumações natalinas dele: cometas, estrelas, quadros, tudo piscando de várias formas, bem legal.
Meu pai, aos 76 anos, é um cara que eu gosto mas tenho dificuldade de lidar come ele. Temos um gênio meio diferente. Me adapto melhor com a minha mãe, ela é acessível e me trata com mimos como se eu ainda tivesse cinco anos, e eu adoro isso (ela e a minha tia - sua irmã - são as únicas pessoas que ainda me tratam assim). Meu pai ainda tá nessas de que eu sou homem e que homem a gente não trata com frescura que é para não estragar. De certa maneira, ainda lida comigo como se eu tivesse 10 anos.
Mas além de comprar um carrinho pro meu pai, comprei um livro com as cartas do John Lennon para um amigo com 52, o Chico. Outro cara difícil de lidar. Até procuro pouco ele por causa disso. Não gosto de ficar mandando ele ir à merda (desculpem a grosseria, mas é o que ele entende melhor), fico mal. Daí vejo ele o suficiente para me sentir bem.
Como ele gosta de Beatles, comprei o livro pra ele assim que vi. Liguei pra marcar um encontro e ele nunca pode me encontrar antes do serviço. E eu sei o que é: ele tem uma esquisitice com as pessoas, de que a gente quer ver ele mas quer condicionar o encontro quando a gente pode, não quando ele pode.
Na verdade eu queria marcar o encontro um pouco antes do horário do serviço dele para pagar um café e bater um papo, além de dar o livro de presente.Viram porque eu procuro ele pouco? Depois ele passa pela casa da gente, com a maior cara de sem vergonha, para bater um papo, assim como que por acaso. Só que não é, ele vem justamente com esse objetivo.
Eu já aprendi a lidar com eles. Amigos que são pessoas difíceis você tem de às vezes mandar à merda sem cerimônia (novamente, desculpem pela grosseria). Até porque você tem intimidade com eles pra isso, né. Daí eles te respeitam, eles parecem que precisam de alguém que reaja com força ao mau humor e as neuras deles, deve ser terapêutico pra eles, sei lá. Eles se acalmam depois, ficam uns doces contigo por uma semana. Eu acho um pouco cansativo, não é bem o meu estilo, sou mais do tipo gente boa.
Aprendi isso com um tio que vivia pegando no meu pé. Um dia eu mandei ele tomar no lugar aquele e ele mudou pra melhor comigo. Daí eu saquei o lance.
Mas como são caras legais, que gostam de você, daí você atura essas manias deles. O Chico e o meu pai. Claro que mando o meu pai também à... Mas um pouco menos, porque ele é meu pai e tem 76 né, então tenho mais paciência com ele, aturo-o mais. Daí quando a corda estica até arrebentar eu boto a boca e ele fica mais calmo. Eu sei qualé o lance: fica com medo de eu ter ficado sentido e passar muito dias sem aparecer por lá. Os gatos da mãe, ao que parece, são menos interessantes que eu. Não dão carrinhos de presente e não mandam ele... (Ah, ontem foi um dia que eu mandei ele...)
Tchau pessoal, sexta tô aqui de novo, no fim da tarde.