CURITIBA II

No dia em que a pessoa que não é formada em engenharia civil, agronômica ou cartográfica e de agrimensura, quiser entender o que seja curva de nível, basta colocar uma carga no lombo de um jegue e tangê-lo ladeira acima.

(Lembrar que a carga não pode ultrapassar 10% do peso do animal).

Esse conhecimento empírico comum a todo nordestino, acostumado na lida com esses admiráveis animais, pode ser comprovado nas mais de cento e quarenta curvas da Estrada da Graciosa, que corta a Serra do Mar, entre Curitiba e as cidades do litoral.

Esse nome provém da Fazenda Graciosa que existiu nesse local e que pelo que se pode ver, fazia jus ao nome que lhe foi dado.

No trajeto a pessoa vai poder saborear a coxinha de aipim (que em Pernambuco chamamos de macaxeira), e além da aula de racionalização de energia, vai ter a rara oportunidade de ver as belíssimas paisagens da Serra e seus arredores, principalmente se a viagem for feita de trem e depois do meio dia (quando a incidência de nevoeiro é menor).

É encantadora a sucessão dos ecossistemas Mangue, na beira mar, Mata Atlântica, na planície e contrafortes da serra e a Mata das Araucárias quando atingimos o planalto.

Voltar à Curitiba é um deslumbramento cuja oportunidade não deve ser desperdiçada.

Dessa vez fomos visitar as cidades litorâneas de Antonina e Morretes, onde comemos o Barreado, prato típico, com direito ao teste do ponto do pirão, feito pelos gentis garçons, que consiste em inverter o prato por sobre a cabeça do visitante.

(Se o pirão não estiver no ponto certo, cairá do prato sujando o cabelo, a roupa, etc.)

A cachaça de banana é deliciosa e o artesanato nos deixa com aquela vontade de levar para casa, pelo menos um exemplar de cada modelo.

Fizemos outra vez o circuito turístico no ônibus jardineira e visitamos os pontos que ainda não tínhamos visto por dentro, como a Ópera de Arame e o Bosque do Alemão, com direito à contação de história e caminhada pela trilha João e Maria que conta a imortal historinha dos irmãos Grimm (Jacob e Wilhelm).

E, para encerrar em grande estilo, conhecemos Rodolfo, o neto recém-nascido, da consóror Conceição Gomes, que mais uma vez nos recebeu como se acolhe um grande e querido amigo.

Jegue = Jumento, (Equus asinus).