No metrô
A viagem seria um pouco longa.
O vagão está quase vazio, não olho para ninguém, nem cumprimento. Vejo dois lugares nas laterais, apresso o passo e sentamos quietos.
Após algumas estações descubro que é um metrô misto, alguns trechos subterrâneos e outras estações ao céu aberto.
A paisagem não é exatamente bonita. Casas típicas dos subúrbios, com terraços ocupando todas as lages, algumas cobertas outras com varais coloridos, crianças e adultos soltando pipas...será que passam cerol? Tão irresponsáveis...
Casas se equilibrando em encostas...E num piscar de olhos, somente placas de concretos, luzes artificiais, aquele zunido característico das rodas em atrito com os trilhos, e uma voz anunciando o nome da parada.
Começo a divagar...Minha vida estava tão boa, caminhando para um futuro tranquilo, e tudo mudou de um dia para outro. E aquela frase cliché vem à cabeça - Eu era feliz e não sabia.
Fico questionando o por quê, será que Deus está me testando?
Será que conseguirei aceitar e passar com calma e tranquilidade?
Dentro do túnel, vejo meu reflexo pela janela...cansada, envelhecida, vejo até a minha tristeza. Sinto vontade de chorar.
Um chacoalho e sua cabeça pende para o meu lado. Carinhosamente, eu me ajeito e faço meu ombro teu travesseiro. E percebo que assim será para sempre.
Novamente vejo a luz do sol, o som dos freios e a voz anunciando:
"Última parada, Terminal P, desembarque pelo lado direito, tenham um bom dia!".