O ZÓZE!

Tenho um grande amigo que, antes de ser dono de uma empresa de sucesso na área de marketing e propaganda, foi clone do Chitãozinho (o irmão do Xororó), fez muito sucesso dançando como integrante dos grupos cover “Menudo” e “Dominó”, tirou muitos “retratos” e filmou muitos casamentos. Mas antes de tudo isso, ainda bem menino, ele foi funcionário de um escritório de contabilidade, entregando CPFs à população.

Certa vez, apareceu no seu local de trabalho uma mocinha de uns treze anos para pegar os documentos do pai, da mãe e da irmã mais velha. Sendo fiel aos costumes de cidades interioranas, onde todos se conhecem pelos nomes e sobrenomes, além das ascendências e descendências; meu amigo pegou a gaveta onde estavam os CPFs prontos e começou a manuseá-los em ordem alfabética: Abel, Abelardo, Abigail, Abílio, Abraao, Anúncio, Adalberto, Adalgisa, Adamastor, Adão, Adelaide, Adelino, Adelson, Ademar, Adilia, Adilson, Adolfo, Afonso, Agda, Agnaldo, Agnelo, Agostinho, Alaíde, Albertino, Alberto, Aldina, Aleixo.... ARLETE DE TAL! (Omitirei os sobrenomes por razões éticas). Ufa!

Após entregar o documento à menina, meu amigo começou a “folhear” os CPFs da letra M, em busca de sua irmã, Mônica: Mabel, Madalena, Mafalda, Magali, Magno, Maiara, Manoel, Marcelo, Marcelino, Márcia, Marcilene, Marcília, Marcio, Marcos, Margareth, Margarida, Maria (Trocentas delas), Marina, Mário, Marly, Martha, Mateus, Mauro, Maurício, Maurílio, Maximiano, Mercedes, Milton, Míriam, Moacir, Moisés... e MÔNICA DE TAL! Aleluuuuia!

Hora de procurar o CPF do pai da menina. Como era mesmo o nome dele? Talvez por ter passado tantos documentos, meu amigo simplesmente não conseguia se lembrar nem do nome ou do apelido do pai da guria. E agora? Perguntar para ela seria indelicado, pois se sozinho ele se lembrara dos nomes da mãe e da irmã, como não fazê-lo em relação ao genitor? Forçou a memória.... Nada! Resolveu passar documento por documento.... Nada! Por fim ele criou coragem e perguntou: “Como é mesmo o nome do seu pai?”. Ao que a mocinha respondeu: “ Zóze!”

Meu amigo não entendeu bem, pediu que repetisse e ela o fez em tom mais alto: “ZÓZE!”. Ainda confuso, achando que o nome talvez fosse Zózimo (embora não conhecesse nenhum), ele passou um por um os documentos e nada encontrou. Virou-se para um colega e perguntou se havia outra remessa de documentos que tivesse chegado e ele desconhecesse, e recebeu uma resposta negativa. Questionou, então, se o colega sabia se o CPF do Sr. Zóze chegara e ouviu como resposta uma outra pergunta: “Você já passou todos os documentos com a letra Z?”.

A menina, que a tudo ouvia, irritadamente, interveio: “Não é com Z não, zeeente! É com Zota!

"Ah!", disse o meu amigo, "o nome do seu pai é Jorge?"

"É, Zóze!"

Provavelmente a mocinha tinha língua presa, o que isoladamente não é motivo algum para achar graça. Mas, ouvindo o meu amigo contar (ele utiliza técnicas de narração: vozes diferentes, muda o olhar entre os “interlocutores”...); eu quase explodi de tanto rir.

NORMA ASTRÉA
Enviado por NORMA ASTRÉA em 10/12/2012
Reeditado em 12/12/2012
Código do texto: T4029097
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