VAMOS VIVER ESSA "BAGAÇA"
Eu tenho um amigo que nunca admitiu ter medo de coisa alguma. Quando confrontado com algo extremamente perigoso, ele diz que não sente medo, e sim receio. É a forma que ele tem de despistar suas fraquezas. Entre os gêneros também os medos são despistados de alguma forma. O homem tem medo que sua parceira faça sexo, seja possuída por outro homem; a mulher tem medo que seu parceiro deixe de gostar dela para gostar de outra. Tudo dentro da margem de erro, claro.
Segundo estudos, quando nascemos sentimos medo de duas coisas: de cair e do barulho. Todos os outros medos serão adquiridos conforme começamos a perceber o que amedronta as pessoas que nos rodeia. Praticamente a covardia (meu amigo deve sentir falta de coragem) e o medo, vivem um matrimônio consentido e abençoado por muitos que reclamam da vida.
Podemos sentir medo de coisas boas e positivas. O medo de ser feliz e, de repente, por alguma razão, não mais; Medo de assumir um cargo importante e não sentir segurança em sua capacidade; o medo de voar de avião pode impedir que voce conheça lugares belíssimos (sobre voar o meu amigo diz que sente fobia, que é uma doença). Carlos Drumond de Andrade disse que “fomos educados para o medo”, isso é certo, concordo com o poeta de Itabira.
Enquanto vamos sentindo medo o tempo vai passando sem tomar conhecimento das nossas “paúras”. O certo é que a vida tem um fim, que não se pode lutar contra, não é como passar na prova ou vencer uma maratona. Um dia ela chega, assim, parecendo uma camponesa boliviana com sua foice e nos abraça sem que possamos tomar a saideira; na hora eu vou tentar: Peraí, deixa eu escrever mais um pouquinho! A certeza disso devia fazer o grande moinho da alegria girar sempre, todos os dias, com a energia eólica fortalecida pelo vento que sai do sopro de quando estamos sorrindo.
Ricardo Mezavila