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Às vezes, a gente tenta. E tenta de novo. E recebe o apoio incondicional de pessoas que demonstram ser amigas verdadeiras nas horas mais complicadas. Mesmo assim, não conseguimos chegar ao resultado esperado - ou desesperado.

Compreendo estes momentos como uma resposta. E a resposta é: 'Espere. Seja paciente. Seja mais humilde.' 

Sentamo-nos à varanda do hospital naquela tarde de sábado. Janelas grandes escancaradas à brisa fresca, passarinhos cantando nas copas das árvores. Sei que ela gostaria de estar calmamente assistindo a sua novela, em casa, confortávelmente instalada.  Olhei para o seu rosto cansado, que mesmo assim, conseguia comentar a beleza do que via lá fora. Uma pessoa admirável, justamente por trazer dentro de si a felicidade que tanta gente inutilmente procura. E a felicidade - ela sabe - descansa na simplicidade. 

Nenhuma vez ela abriu a boca para reclamar de sua situação, a não ser para expressar que sente medo - o medo normal de quem ama a vida, e abre os braços num final de tarde ensolarado e quente, e enchendo os pulmões de ar, abraça a vida e declara a ela o seu amor incondicional. Diz que tem pena de deixá-la, mas será que ela sabe que, mesmo a deixando, jamais será deixada por ela?

Vivemos a vida que escolhemos, mas existem momentos que não dependem de nossas escolhas. Estes momentos, eu acredito que vem escritos no nosso destino como instruções  na caixa de algum produto, tais como 'modo de uso,' 'componentes,'  data de fabricação' e 'válido até...' Só que para este último item, não conseguimos ler a data.  Está apagada, e só mesmo o fabricante a conhece e pode determiná-la.

Vamos fazendo o melhor que podemos. Sempre. E esperando o resultado. É assim que bem vivemos. E espero que um simples defeitinho de fabricação não descontinue o uso do produto.
Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 10/12/2012
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