A morte do mentiroso

O cara criou um círculo de mentiras ao seu redor. Mentia pra mãe para conseguir uns trocados, pro pai para descolar umas biritas. Falava para esposa que a amava e para a amante, que seu casamento não existia. Os amigos do trabalho acreditavam que ele tinha influência. Mentia que estava doente, que precisava ir pra casa, que não tinha dinheiro e sempre se perguntava o motivo pelo qual sua vida não "ia para frente". Adorava pedir para um para dar a outro, sem que isso lhe custasse nada e, ao final, ele saísse como uma alma benevolente - ao menos é o que ele acreditava. Morreu achando que foi esperto a vida inteira e enganou a todos.

Pobre alma.

Em seu funeral, nem mesmo seu cachorro compareceu, aliviado que ficou dos tabefes que levava.

Em sua lápide, uma frase:

"Aqui jaz João da Silva. Dizem que morreu, mas do jeito que mentia, deve estar dormindo aplicando mais um golpe no Seguro de Vida."

Letícia Cesario
Enviado por Letícia Cesario em 08/12/2012
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