VIAJAR...

O homem inquieto vive de expectativas, não lhe seduz a inércia em se deixar ficar caído em um canto ou circunscrito a um sítio paroquial, espremido entre a vontade e a fobia.

Se Confúcio advertia que após sessenta anos não se devia viajar ao exterior, fundado no temor do inevitável, doenças e morte, bom de lembrar que o grande pensador, padrinho espiritual de Cristo juntamente com Buda, viveu na era da viagem em lombo de cavalo e carroças.

Ninguém deve descartar a possibilidade de satisfazer, pouco que seja, o conhecimento de lugares que geram emoções, principalmente locais onde a história registra a morada de notáveis cabeças, sentir suas presenças. Ver obras de séculos antigos, de alongada digressão. Tocá-las.

É banho espiritual, que inunda e abençoa, como conhecer Patmos, a ilha em que se escreveu “O Apocalipse”, São João, João de Patmos, perseguido pelos romanos e privilegiado em visões que até hoje se discutem. Sentir no ar quando iam jogá-lo em água escaldante e os soldados o retiraram, impressionados com sua oração de resignação e coragem ao Cristo.

Ninguém deve adiar expectativas legítimas de conhecer lugares. É o velho que para nossas cabeças é o novo. Se surpreender diante de construções séculos antes de Cristo, e com timbre distante e forte sentir como se ali estivéssemos estado antes. Isto é revolucionar permanências. Se espalham energias diferentes. A cabeça não será mais a mesma. São emoções envolvidas em uma magia próxima e distante.

Viajar no tempo é conhecer nossas origens, viver o que notáveis nomes viveram, estar próximo às suas proximidades, é confortador para a inquietação dos inquietos.

Colhe-se o registro dessas experiências, observações, reflexões que extraíram da vida de perto, não só nas páginas dos livros.

Celso Panza
Enviado por Celso Panza em 06/12/2012
Reeditado em 27/12/2012
Código do texto: T4023477
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