Melhor assim
E assim tão de repente, o tempo passou.
Num dia qualquer, num instante qualquer, folheia o álbum da vida de outrora.
E, quanta mudança! O rosto antes conhecido, agora irreconhecido olhar.
Onde será que se perdeu, ou será que se disfarça agora, no presente, com medo de se revelar?
De repente, olham-na: senhores, senhoras.
Inútil tentativa da ponte entre o passado( tão presente ainda)e o hoje.
Então, acontece...como um funil, que se alonga, por entre os tempos.
Como se por ele escoassem os encantos do ontem. E desencantos também.
E o que se apresenta aos seus olhos, é o que então?
A vida, ela bem sabe, não lhe poupou.
Amadurecimento conquistado a duras penas.
Vivências, sofridas, mas encaradas de frente!
O prazer também, das alegrias.
Então, por que este estranhamento no outro?
E...são avôs, avós! Mas ela também o é, ora bolas!
Até que um dia, o reencontro.
Beijinhos, os dizeres: “que saudade”!
E o elo se refazendo.
Começam a se revelar.
Busca o aconchego familiar, guardado com carinho na memória.
Busca o ontem, de muito tempo atrás.
Mas, alguma coisa não se encaixa.
Pressente uma dureza que não combina com o que guarda na lembrança.
Quem é esta pessoa estranha a lhe falar?
Cadê o gosto pela vida?
Por onde andam os sonhos?
E este cansaço nas palavras e no olhar?
Onde estão as esperanças?
E por que, às mazelas do tempo, parece se entregar?
Beijinhos de despedida, “ vou te ligar”!
Sai caminhando a esmo, meio sem rumo, perdida.
O passado que agora sabe irreal, levado por quem se despede.
E não reconhece mais no agora.
Então se dá conta: tornou-se, fez-se mulher amadurecida, forte e determinada, sim.
Abençoada, sem ter perdido o brilho no olhar. .
Sorriso aberto para o mundo, sem medo de ousar.
Se reconhece alma jovem e feliz.
E, descobre, foi melhor para ela.
Melhor não ter desistido de si mesma.
Melhor não ter deixado de amar.
Nunca ter deixado de sonhar.
Melhor assim!