Algumas mulheres

Do seu quarto, deitada em sua cama, que fica próxima da janela, a mulher observa através dela. Ouve o barulho de um helicóptero, mas não o vê.

Vê o céu azul com nuvens brancas se dissipando com o vento. Ela está sozinha naquela casa, absorta em seus pensamentos, ouve barulhos diversos na vizinhança.

Está com meio século de idade, mas sente-se criança novamente. Lembra-se da sua infância vivida em fazendas, da adolescência difícil vivida em um município próximo a capital, sem ter mais a presença do pai que fora para a eternidade.

Começou a trabalhar aos doze anos num serviço arranjado por seu pai e aos quatorze anos ele a deixou nesse mundo. Entregue as dificuldades da vida, humilhações e superações. Mas ela estudou, formou-se e foi trabalhar com crianças, descobriu sua vocação. Emocionava e emociona-se até hoje ao ver uma criança começando a alfabetização, ou mesmo um adulto ou idoso que não tiveram a oportunidade de estudarem.

Ama as crianças e tem um carinho enorme por elas, sente que são a benção de Deus no meio de nós.

Teve uma boa juventude, ia a bailes com músicas variadas, com muitas moças e rapazes, sem o abuso de bebidas, cigarro, drogas, nem sexo gratuito. Tudo muito sadio e com amizade.

Casou-se, teve três filhos, hoje bem criados e é sua maior alegria. O casamento não foi um conto de fadas, mas também não existe ninguém perfeito.

O amor que sempre sonhou não existe, mas é um sentimento que permaneceu em seu coração e nunca deixará de senti-lo.

A amizade é constante em sua vida.

O homem parceiro, fiel e companheiro também não encontrou, mas vive com o que a ajudou criar os filhos.

Muitas mulheres passam pelo mesmo dilema; casaram, foram mães, cuidaram e cuidam da casa e da vida de todos na família e muitas vezes esquecem-se de si próprias.

Ás vezes choram sozinhas, ás vezes precisam de um ombro amigo para fazer isso, ás vezes seguram o choro para consolarem os outros. Costumam engolir o choro, que chega a doer no coração, para que pessoas próximas não se entristeçam também ou fiquem preocupadas.

È assim a mulher que atualmente vive um dia de cada vez, esperando a vontade de Deus e com a esperança de poder ver os netinhos.

Edmeia
Enviado por Edmeia em 06/12/2012
Reeditado em 07/12/2012
Código do texto: T4023235
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.