Um Café Irlandês        
"Não é a intenção que valida um ato,
mas seu ato".
       -  Nicolau Maquiavel - Pensador


 
Sábado, depois das 8:30, domingo e feriados, depois das 9:00. Os horários são seguidos a risco com sol ou chuva, frio ou calor, sempre chego juntinho à padaria com você. Cada qual com seu ritual: o seu é sentar à uma mesinha qualquer perto da vidraça e logo vai pedindo seu café. Enquanto não servem o seu café, seus olhos apreciam a vista da avenida parada e tranquila, e quando um passarinho solta seu canto, você assobia de volta. Parece gostar de variar pq sempre pede um café diferente e sugere ao barrista um pouquinho mais ou menos de café no seu latte ou cappuccino. Já ouvi você dizer, "Pôxa, mais generosidade no chantilly amigo" E tem vez que pede um pingado e mesmo assim você o valoriza como se fosse a mais deliciosa das bebidas na face da terra.
Adoro observar você bebericar sua primeira xícara de café do dia. É diferente dos outros homens que entram na padaria e tomam seu café em apenas um gole e jogam conversa fora. Seu jeito é bem oposto: tranquilo. Me faz imaginar como você deve degustar outras delícias da vida. E eu? Procuro sentar sempre de frente para você, abro meu Folhão que compro sagradamente na Banca Santiago quase colada na padaria e dou minhas olhadelas pelas primeiras páginas. Na verdade eu finjo olhar pq não quero perder nenhum lance seu. Já instruí o rapazinho que atende às mesas a me servir exatamente aquilo que você pede, assim, degusto dos mesmos sabores que você, os mesmíssimos!
O ritual todo nunca passa dos 40 minutos, mas enquanto observo você, parece o infinito. Após o café, você se dirige ao setor de panificação e pelo pedido que você faz percebo que não mora só. Seu pedido sempre é petitoso e imagino uma mulher feliz e de muita sorte saboreando o croissant de brie ou uma fatia de ciabatta com patêzinho de foie gras na sua companhia e com certeza deve ter filhos em fase de crescimento pq sempre leva bastante pão francês, nêga maluca e uma vez ou outra Nescau, tanto o cereal radical quanto o achocolatado que dá energia.
Mas, uma certa manhã os anjos conspiraram e ... a Banca Santiago fechada. Algo muito sério deve ter ocorrido e entro na padaria. Algo inédito acontece: eu sento antes de você. O jovem caixa procura logo me tranquilizar dizendo que naquele dia o meu Folhão era cortesia pq a banca foi comprada pelos donos da padaria. O caixa, com uma certa ironia na voz se dirige a você dizendo assim que você entra, "Pra você também Feio! Apesar de não gostar de ler! Toma aí!" Você apenas sorri, dá bom dia e pega o jornal grátis. O caixa pede, "Poderia levar o da professora também?" Você faz cara de quem não entendeu e o caixa esclarece ao apontar para minha mesa.
Você aproxima e pede licença para por o jornal em cima da mesa. Antes mesmo de colocá-lo sobre a mesa lhe digo com todas as letras, "Muito obrigada". E você responde, "De nada profi". Mas ao se virar e ir em buscar de uma mesinha, você percebe que a sua mesa predileta já está ocupada assim como todas as outras. A padaria está totalmente lotada por ser feriadão. Não resisto e brinco dizendo, "Uma gentileza gera outra. Se quiser pode sentar à minha mesa Sr. Feio". Você volta e vira e respondendo, "É, não tem jeito mesmo. Vou ter que aceitar, né". Você se senta bem de frente para mim. E dizem que os anjos não existem! rsrsrs
O jornal, você coloca na cadeira vazia ao seu lado e aguarda a chegada do atendente que demora um pouco mais do que o costume. Assim que o moço chega, pergunta qual é seu pedido e você hesita dizendo, "Hoje, vou querer algo para esquentar a minha alma. O que sugere?" O rapaz faz uma cara de sem noção e levanta os ombros como se dissesse, sei lá, eu só sirvo. Pega o cardápio e olha. Nada parece lhe agradar, então lhe digo, "Peça um café irlandês se você quer aquecer sua alma. Com esse friozinho, vai gostar". O rapaz então pergunta, "Então Seu Feio, vai nessa de café irlandês?" Você parece pensativo ... desconfiado até, mas aí pergunta, "Como é esse tal café irlandês profi?" Respondo, "Nada demais: café com uísque irlandês, leite fresco batido mas, na falta pode substituir por chantilly, e um pouco de açúcar cristal", e com a voz num tom mais baixo lhe digo, "Creio que sua alma aquecerá rapidinho". Você aprova a dica e então se dirige ao atendente, "Um café irlandês e ... um pão francês com manteiga na chapa. Quero apreciar o gostinho desse café sem muitos sabores que possam alterar a degustação do tal café irlandês. E você, profi, o que vai tomar?" O atendente responde por mim, "Eu sei: o mesmo que o senhor!" E o moço sai de lá voando para entregar a comanda para o barrista. Você faz cara de quem não entendeu nada e mesmo assim seus lábios dão forma a um sorriso frouxo que sempre aparece no seu rosto quando um passarinho ou cachorrinho pára em frente da vidraça da padaria. Fingido ler o meu Folhão, e sem levantar os meus olhos do jornal, pergunto baixinho, "O que houve com a sua alma que você precisa aquecê-la?" Percebo lágrimas enchendo seus olhos e logo me arrependo por ter perguntado mas, com sua voz um pouco rouca, responde, "Tô chegando da praia. Viajei com a minha família ontem à noite e logo que chegamos na nossa casa de praia eu recebi uma ligação. Minha colega de trabalho, coitada, sofreu um acidente terrível. Ela pediu para eu cuidar da parte burocrática com o hospital. Sabe como é né, mulher de meia-idade, solteira e sozinha no mundo. Se apegou a mim e só tem confiança na minha pessoa. Aí, subi a serra, resolvi algumas coisas pendentes mas ainda tenho outras coisas a fazer como: checar a casa dela, alimentar o cão e passarinhos, passear com o cão ... o dia vai ter que render".
Sem querer saiu um "Nossa!" E você, "O que?" Respondi, "Sua amiga deve ser bem especial e querida!" E não me esqueço quando você respondeu com aquela ironia, "Amiga? Aquela velha rabugenta? Você deveria ver como ela me tormenta todo dia no trabalho!" Confesso que arregalei meus olhos e logo em seguida você deu uma longa e deliciosa gargalhada. E rindo disse, "Tava de brincadeira contigo! Gosto muito dela, por isso deixei a minha família, subi a serra e estou aqui. Ela e eu estamos sempre de boa". Aí era a minha vez de dar risada sem parar e ficar de boa contigo.
O nosso pedido chegou e em pequenos goles o café irlandês foi aquecendo nossas almas ... e imaginação. E do nada, você perguntou, "Você sabe o que é preciso levar para uma mulher que vai ficar uns, vamos dizer 5 dias internada?" Respondi, "O básico né: calcinha, sutiã, talvez uns pares de meia por causa do frio, chinelo, uma camisola discreta, e não transparente, um roupão ... pq?" Você aí questiona, "Pq uma camisola e não pijama?" Olho para você e digo, "Tanto faz na verdade mas, talvez seja mais prático na hora da higienização, né?" E te dou uma piscada. Você solta um, "Ahhhhhhhhh...entendi". Mas aí você indaga, "É, ou talvez eu deva googular a pergunta: O que se deve levar à uma senhora que ficará internada por cinco dias kkkkk!" Mas assim que sua risada afoga no silêncio, eu debruço sobre a mesa e sugiro numa pergunta maliciosamente arquitetada,"Quem sabe, você pode me levar contigo para fazer a mala dela?" Você não respondeu mas eu vi a resposta nos seus olhos. Ao pegar a conta, você se apresenta, "Prazer, Luiz Roberto". Eu respondo dizendo apenas, "Patricia". Elegantemente você paga a conta e saímos.
Entramos no seu carro e fomos logo conversando sobre música. Sem muito pensar, nem escolher, você bota a trilha sonora de "Saturday Night Fever". Parecia que estávamos novamente em 1977 com 16 anos de idade, só que com privilégios e know-how de adultos. O tempo passou rapidinho, nem parecia que tinha levado 45 minutos para chegar à casa da tal amiga. Fiquei impressionada com a casa toda impecavelmente arrumada. Subimos ao quarto dela e sugeri que você procurasse uma mala de tamanho médio enquanto eu escolhia umas peças intimas dela e também recolhia alguns itens de higiene pessoal do banheiro e da penteadeira. A mala você encontrou rapidinho e logo empacotamos tudo. Faltava alimentar os 'pets', passear com o cão e também checar a cozinha: desligar o gás e ver se tinha qualquer coisa fora da geladeira. Aí ouço você falar, "Que bom que você veio Patricia. Nunca teria pensado nessas coisas. Obrigado por ter vindo". Sorri para você e disse, "Prazer é todo meu Luiz, todo meu". Mais uns 50 minutos tratando dos 'pets' e juntando o lixo para a coleta para depois então irmos ao hospital.
Você estaciona o carro mas antes de você pedir para eu ficar dentro do carro, lhe disse que ficaria ali ouvindo os Bee Gees enquanto aguardava o seu retorno. Nunca uma hora demorou a passar tanto! Mas, você voltou. E voltou sorrindo. E sem dizer nada você retornou à casa da sua amiga e ao chegarmos lhe perguntei, "Esqueceu algo?" Você respondeu com um beijo caliente, molhado e longo.... resumindo: delicioso demais! Você aproximou sua boca ao pé do meu ouvido e sussurrou, "Você quer ser minha? Agora?" Respondi com um beijo tão delicioso quanto o seu. Invadimos a casa da sua amiga que agora tinha virado a alcova dos nossos sonhos e taras. A vontade era tão imensa que nem chegamos a subir. Capotamos num sofá macio estampado com flores exóticas em tons quentes e por vários minutos nossas mãos aventuraram a descobrir como os nossos corpos respondiam a cada toque, pegada. As nossas bocas pareciam ter vida e vontade própria. Agiam deliciosa e espontaneamente ao nosso favor provocando arrepios e produzindo muito prazer espumoso que jorrava reciprocamente. O restinho de café irlandês que levemente perfumava o seu hálito me atiçou dando aquela vontade louca de chupar sua língua todinha. Sugar sua língua como se fosse seu pau e sentir você pulsar com toda força. Enquanto beijávamos a minha buceta encharcava de prazer e senti o quanto queria me ter pq seu pau tinha triplicado de tamanho mostrando querer explodir de dentro da sua calça jeans apertada. Arrancamos nossas roupas ali mesmo no tapete persa você me fodeu gostoso. Lú.... você me comeu como nunca fui comida antes. Você bebeu da minha buceta assim como prazerosamente toma seu café. Sua língua passeando por cada cantinho da minha buceta com muita ousadia e vontade enquanto suas mãos generosamente apertavam meus peitos. Fiquei de quatro para você enterrar seu pau dentro da minha buceta escorregadia e melosa. Cada estocada era correspondida com uma esguichada do meu prazer pra você. Minha buceta mordiscou seu membro duro de tesão e soltava aquele caldinho pérolado na cabeça inchada do seu pau fazendo você pedir mais e mais. Gemi soltando um leve grito de gozo que fez você acelerar nas socadas fortes e duras ao enterrar seu pau rígido na minha buceta esfomeada.
Ouço você gemer e suplico, "Urra pra mim! Urra amor! Urra!" Ao penetrar-me dura e deliciosamente pela enésima vez, você urra feito um urso! Que gozada deliciosa que você deu! Sentindo você me recheando com seu porra leitoso, eu silenciosamente engulo o meu grito de prazer total e desabo naquele tapete persa macio com você agora meu homem sobre meu corpo cansado que há de ressuscitar outras vezes para assim lhe proporcionar mais gozadas faraônicas. Mas aquele momento era para nossas pequenas gentilezas. Um momento para contemplar as marcas nos nossos corpos que o tempo havia deixado. Nossas mãos fazem uma leitura delicada das cicatrizes e pequenas rugas causadas pelo sol, dos cabelos, tanto os brancos geneticamente adquiridos ao passar do tempo quanto os ainda que carregam a cor natural. Nossos olhos percebem o brilho que ainda existe em nossas almas e sorrisos, apesar de tanto tempo ter passado. Sabemos também que deixamos muitos desejos serem enterrados com o passar do tempo mas hoje não, pq hoje, você não apenas aqueceu meu dia mas a minha alma também.
Calada Eu
Enviado por Calada Eu em 06/12/2012
Reeditado em 06/03/2021
Código do texto: T4022724
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.