Comédia Romântica
Depois de um tediante dia de trabalho – e mais 15 minutos num ponto de ônibus sem cobertura, com o céu caindo e minha sombrinha virada do avesso -, a recompensa por chegar em casa ensopada era vê-los deitados na cama. Nenhum deles pareceu me notar.
Deslizei sorrateiramente até tocá-lo: macio, novo, branco e meu. Meus. Deviam estar bem cansados, afinal, haviam chegado ainda ontem. Só de pensar em seu perfume enlouqueci, ansiosa por despertá-los, me agarrar em seus corpos, disputar a atenção de um a um.
Meu celular tocou e acordei bruscamente de meus devaneios; era ele, meu homem me chamando, sem saber que eu estava acompanhada no momento. Atendi e conversamos apenas alguns instantes, já que meu homem iria tomar um banho bem relaxante e me ligaria em seguida. Mal desliguei e corri para abraçá-los, como uma amante desesperada, desejando ardentemente o ser tão amado, que irá lhe propor loucuras desenfreadas e aventuras de quatro paredes.
Eu me sentia exatamente assim e, ao vê-los novamente, soltando-os lentamente de meu abraço mortal, não tinha dúvidas de que também queriam o mesmo: meus novos livros, prontos para me acompanhar em seus mundos e ocupar mais um lugar em minha vasta estante.