COISAS DA POESIA
Às vezes fico a refletir sobre a poesia, seus efeitos e os eventos que as inspiram. Dias atrás me atrevi a compor um poema. Depois de muito pensar saíram os versinhos que seguem “Você, luz que rasga minha manhã, pele de açucena, boca de maçã”. É realmente só os mais ilustres escritores definem adequadamente a poesia, mas quando é possível vivê-la, talvez esteja aí a sua alma – fazer os dias mais vivos à luz da poesia – então é poeta quem também consegue escrever uma vida mais rica à humanidade. Quem sabe o momento da composição seja o mais puro e verdadeiro momento poético... Mas aí iríamos longe nesta divagação. Penso que muitas vezes o trabalho acaba com a espontaneidade da obra (fazer, refazer, reescrever, incrementar, etc)... Mas... sustentar a metáfora é algo difícil. Principalmente se você escreve uma declaração dessa (como a acima) antes de seu amor acordar pela manhã e... logo após ao lado da cama você a encontra. Cabelos despenteados, sem a maquiagem do dia a dia, sem a fragrância de sua boca, sem a poesia necessária ao momento... Mas é o amor, quiçá dá-nos o presente de ver algo que só o coração enxerga... Diga-se de passagem, ainda bem que os corações são generosos (pelo menos às vezes ele realmente é – os poetas com um certo romantismo que o digam). Senão perderíamos o lirismo dos momentos românticos e a sátira inadequada poderia dar lugar a um poema de escárnio ao invés de um de amor... Todavia... sairiam - quem sabe - umas metaforazinhas, ao meu ver bonitinhas... Então salve a poesia que às vezes nos causa miopia e não nos deixa enxergar aquilo que os olhos poderiam ver. E digo... se meu amor tem algum defeito faz tempo que não enxergo... se não é o efeito da poesia, então terei que trocar meus óculos e achar um jeito de consertar os meus sentidos!
26-6-2012 - Marcio J. de Lima