QUEBRAR O SILÊNCIO

É impressionante como casais, em crise conjugal, encontram formas de castigar e punir um ao outro, em atos impensados e alguns até, premeditados. Mas, uma das maiores agressões que considero, perdendo apenas, a meu ver, para a agressão física, é o agredir com o silêncio. O ataque verbal machuca sim, mas, a sórdida mudez, por vezes, fere muito mais. Em muitas situações, o silêncio é uma virtude. Inclusive, a sabedoria bíblica recomenda, dizendo: “seja pronto para ouvir, tardio para falar” Tg 1.19. Entretanto, ao invés de virtude edificante, alguns usam o silêncio como arma punitiva e ainda, sob o pretexto de que preferem calar-se que falar demais como o outro. A pessoa cala e isola, silencia e ignora, não fala e despreza. Passa o tempo, mas, o silêncio perdura em atitude insana que maltrata em ato vingativo. Porém, o cônjuge que silencia sabe que não é só o outro, o alvo do seu silêncio que sofre, ele também, torna-se partícipe do sofrimento provocado pelo seu próprio calar. Como disse o salmista Davi: “Enquanto eu me calei, envelheceram os meus ossos” Sl 33.2. Quando se persiste no silêncio, usado como arma, principalmente, contra quem se diz amar, ele enrijece e torna-se tão resistente que, de fato, precisa ser quebrado, antes que cause um distanciamento tal, que não permite mais que o casal encontre o caminho de volta um para o outro. Nesse caso é imperativo “quebrar o silêncio”. Portanto, é preciso conscientizar-se de que gritos e silêncios podem ferir mortalmente um relacionamento. Um grito dói no ouvido e machuca o coração. Porém, o silêncio dói no coração e sufoca a alma.