A ARTE (OU A FALTA DELA) NO BRASIL
É raro encontrar pessoas que sejam boas apreciadoras da arte no Brasil, e quando falo no Brasil, digo isto porque não conheço a fundo os outros países para dissertar a respeito. Vejo toda uma geração sucedida de gerações e mais gerações citarem inúmeras e diferentes formas de se divertir e passar o tempo. Bares, baladas, restaurantes... Mas é raro encontrar quem se proponha a conhecer nossos museus e centros históricos, nossos parques e bibliotecas. Vive-se de forma alienada e superficial e como consequência tornamo-nos uma geração acostumada a flutuar sobre a superfície da vida.
Aqui mesmo no Rio de Janeiro contamos com uma infinidade de roteiros culturais repletos de história e vida. A maioria deles, ao contrário dos roteiros superficiais caros ostentantes são gratuitos ou ainda disponíveis a preços módicos e praticamente simbólicos. Muito se fala de patriotismo, contudo como se construir o amor a pátria e a nossa história sem conhecer nossos artistas, nossas raízes, nossa evolução conceitual através do tempo e das artes?
Vejo pais desembolsarem R$50,00 facilmente em franquias de fast food em passeios de domingo, em cinemas (muitas das vezes em filmes simplórios e de pouco conteúdo), mas não assisto esses mesmos pais levarei seus filhos a conhecerem os monumentos, as exposições e os eventos culturais de suas cidades. Conclusão, gasta-se dinheiro em programas caros e de pouco ou nenhum conteúdo quando se poderia investir em programas baratos e de alta qualidade.
A arte forma o caráter, deixa o homem mais sensível para as coisas da alma o ensinando a lidar e a entrar em contato com suas próprias emoções. Ter toda uma geração alienada culturalmente a torna, consequentemente frívola e despreparada para lidar com as camadas mais densas do ser. Não é a toa que hoje em dia temos tantas dificuldades em enfrentar problemas, lidar com sentimentos e compartilha-los com outras pessoas. Não é a toa que vivemos num país onde seu povo não tem amor a pátria e a sua bandeira, onde seu povo desconhece sua história e sua arte, então gastam-se rios de dinheiro em caminhos paralelos que não levam, por assim dizer, a lugar nenhum. É chegada a hora de perguntarmos seriamente a nós mesmos: "Que tipo de ser humano eu quero ser?"
Clarice Ferreira
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