Distantes
Cá, aquietado onde estou, recostado por sobre a janela, o café esfria enquanto sopro o vidro e limpo com as mãos molhadas, os carros que de longe vem, trazem pessoas que estão próximas, mas tão distantes, descem do carro e seguem, se apressam ao caminho, e nem cabe aos pequeninos, que se dêem as mãos, que se abracem, que se beijem, que se achem... E eu cá sozinho, a pensar tristeza, quisera eu ter o ser amado por um instante, para quem sabe um abraço, um tocar aos dedos, um beijo negado... Seres tão práticos, cheios de pressa seguem, rápido, e a companhia que está próxima, diria ao lado, nunca está perto..
Minha xícara cai no carpete e por um instante me disperso, os carros na rua seguem, a vida se apressa, e o seres, pobres... se distanciam.
Resta-me fazer um chá, lamber com o dedo o requeijão, correr para tirar o pão da chapa, queimar os dedos no fogo, esperar esfriar o leite que ferve... Não vou lavar as louças hoje, nem que a vaca fale, esquece!
Ficarei cá, quieto, para mais tarde quem sabe, escrever bobagem.