Negra

Minha pele é negra. Minha pele é negra, mas isso não faz diferença. Minha pele é negra, mas a lei me protege. Minha pele é negra, mas posso ser ter um emprego facilmente, não suspeitam de mim pela cor da minha pele. Não preciso me preocupar, se meu filho será confundido com um marginal nas ruas por ser negro. Não me preocupo, pois existem políticas publicas a meu favor, pois existem leis e cotas para meu filho.

Não tenho nada com que me preocupar, pois as pessoas não me discriminam pela cor da minha pele, as pessoas entendem que sou feita de carne, sangue, ossos e sentimentos como todos os outros. Minha pele é negra, e meu sangue é vermelho, e meus ossos brancos, e meus sentimentos carmesins. Tenho medo, dor, frio, fome. Mas acima de tudo tenho alegria de viver, e força. Uma força que não me pertence, uma força de todos aqueles com a minha cor de pele. Como num consenso silencioso que me protege da ignorância. Minha pele é negra, e sou inteligente. Minha pele é negra, e meus filhos não são marginais. Minha pele é negra. É negra mesmo que você finja não ver, mesmo que insistam que não faz diferença, mesmo que criem cotas como se fossemos inferiores. Minha pele é negra, e tenho orgulho disso. E não adianta fingir que na me vê. Minha pele é linda, negra.

E meus sonhos não são menores, e minhas convicções não são enfraquecidas, e eu sei que vocês podem me ver, mesmo que não possam me enxergar realmente. Minha pele é negra e meus sonhos carmesins. Não ofusquem minhas cores, sou de cores fortes. Vivas e brilhantes. Minhas cores sobreviveram a anos de maus tratos, de ignorância e de invisibilidade. Minha pele é negra, e meus sonhos carmesins. Ninguém será capaz de me apagar.

Luana Valim
Enviado por Luana Valim em 03/12/2012
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