Os versinhos para o Anjo da Guarda

Acho que a primeira oração que minha mãe me ensinou foi o “Santo Anjo”. Eu devia ser bem pequena ainda. Depois que já havia aprendido todas as orações e já sabia rezar o terço, chegou-me às mãos três revistinhas de São Tarcísio. Minha mãe as viu na casa de uma amiga e pediu-as emprestadas para nós. Havia muitas coisas boas nessas revistinhas e, duas orações para o Anjo da Guarda em forma de versinhos, chamou-me a atenção. Uma era uma trovinha e a outra um poeminha. Gostei de ambas e as decorei. Desde, então, as rezava todas as noites. A trovinha era assim:

Anjo da minha guarda

Que me protege e me ilumina,

Ajude-me todo dia

A ser uma boa menina.

Quando percebi que não era mais menina, tentei encontrar uma outra rima para a trovinha, mas foi em vão. Pensei em parar de rezá-la, só que já estava tão acostumada que não consegui. Imaginem, que coisa! Continuo pedindo ao anjo para ser uma boa menina...

Quanto ao poeminha, ele também remete às coisas da infância, porém de forma mais velada. Ei-lo!

Anjo de Deus, tão bonzinho!

Vem guardai-me com carinho.

Toma-me pela mão,

Me leve para o céu então.

Não me deixes tropeçar,

Tenho medo de pecar,

Vem meu anjo me ensinar

O que fazer para agradar

A Jesus, meu sumo bem.

Amém!

Em relação ao último, aconteceu-me uma coisa curiosa. No primeiro dia que rezei com os meus filhos, minha filha começou a chorar e apertava a minha mão com força. Parei de rezar para saber o que estava acontecendo e ela falou:

— Mamãe, não quero que o anjo me leve para o céu não! Quero ficar aqui com a senhora.

Quando entendi o motivo do choro, tentei explicar a ela que isso só ia acontecer quando ela estivesse bem velhinha, mas não adiantou. Achei melhor esperar que ela ficasse com mais idade para que compreendesse melhor.

Antes de escrever este texto, contei o que acabo de narrar ao Padre Gabriel e ele sugeriu-me que eu escrevesse sobre isso. Disse: “Daria uma ótima crônica, muito bem-humorada. Para Nossa Senhora você, certamente, continua a ser uma menina. Não é um pouco isso o que acontece com todas as mães em relação aos filhos?”

Acatei rapidamente a sua sugestão e aí está a crônica.

Déa Miranda
Enviado por Déa Miranda em 02/12/2012
Código do texto: T4016714
Classificação de conteúdo: seguro