UM GRITO DE INDIGNAÇÃO PRESO NA GARGANTA

A razoabilidade é um dom inato a apenas alguns seres humanos. Infelizmente não deveria ser, pois viveríamos, se assim não fora, em um mundo bem melhor.

Essa minha proposição é apenas uma maneira de desabafar a minha indignação, a minha ira, a minha raiva. Nós, humanos, temos mania de dar “nome a rosa”, mas o que seria da palavra se não fossem as coisas. Por que estou dizendo, ou melhor, recitando Humberto Eco e Michael Foucault, neste momento?!! Nem eu sei dizer, veio-me à mente e escrevi. Simples assim.

O que me deixa mais indignado é que a palavra ao dar nome as coisas, vez ou outra, escolhe nomes equivocados. Isso é tão verdade que em determinadas áreas do conhecimento, os seus pensadores vivem trocando o nome das coisas, por exemplo, pivete > moleque > garoto de rua > garoto na rua > menor em situação de risco, só a título de esclarecimento.

Entre tantos nomes dos quais eu não gosto, há um em especial, que me deixa com um nó na garganta. Ele está no rol dos nomes para se classificar a nossa educação acadêmica. Observe a sequência das fases em que nós humanos passamos pela academia: nível fundamental + nível médio + nível superior. Em outras palavras temos o seguinte: educação de nível fundamental +... + educação de nível superior. É exatamente aí que aparece o nó em minha garganta.

Você pode está pensando, mas o que há de errado nisso! Uma pessoa que tem uma graduação não tem um conhecimento ou informação superior em relação à outra pessoa, que só tem o nível fundamental? Você está corretíssimo. Mas não me indigno em relação a isso. Indigno-me em relação à palavra educação, usada nesse contexto, pois educação não se resume a conhecimento. Conhecimento é unidimensional. Educação é tridimensional: físico, mental e espiritual. Educação é integridade. Educação é ser íntegro em todas as facetas da convivência humana.

Algumas pessoas enchem a boca ao dizer: “eu tenho educação SUPERIOR”. Superior a que ou a quem? Para mim educação superior aprende-se e apreende-se em casa, com uma boa família estruturada, salvo algumas exceções, por meio de bons exemplos e boas palavras dos pais. As escolas, infelizmente, sozinhas não podem fazer nada. Acabei de recordar-me de um antigo professor de filosofia que vivia dizendo seguinte: “a escola adestra profissional, mas quem forma um ser humano digno?” Eis aí a questão.

Mas chega de ladainha e vamos ao que interessa.

Sexta-feira, 30 de novembro de 2012, não foi um dos meus melhores dias. Quase tive uma úlcera nervosa. Nada pior para mim do que ser destratado por alguém que no exercício de sua profissão, deveria ser cortês, polido, gentil, urbano. Sei que existem profissões que são mais estressantes que outras, mas isso não justifica a atitude estúpida e grosseira de qualquer profissional, repito, no exercício de sua função.

Tudo aconteceu por volta das 13 h e 15 minutos. Estava em uma grande clinica médica, “dessas que são feitas para atender ser humano”. Não direi o nome da clínica, pois acho que ela não é responsável pelas atitudes particulares de alguns funcionários seus. Quanto ao profissional, por questão de ética, citarei apenas as iniciais, até por que, as medidas cabíveis não foram tomadas.

O médico F. G. S. foi o indivíduo que foi contratado mim mediante o meu plano de saúde. Consultei-me no dia 17 do mesmo mês. Esse “médico” solicitou-me que fizesse alguns exames: uma endoscopia e vários outros de rotina. Fiz a todos e marquei o meu retorno, para o dia 28. Até aí, tudo bem. O retorno foi marcado para as 10 h. Cheguei às 8 h (até parece o SUS) para poder sair mais cedo. Quando foi exatamente às 10 h, ele liga avisando que não poderia fazer o atendimento, pois estava em uma cirurgia. Todos tiveram sua consulta e retornos, como eu, adiado para o dia 30. Perguntei a secretária se haveria necessidade de chegar cedo para marcar a vez. Ela disse que sim. Daí, perguntei a que horas ele atenderia na sexta-feira. A secretária respondeu-me: “às onze horas, senhor”.

Lá estava eu novamente, na sexta-feira, às oito horas. Não estava só. Estava eu, minha esposa e dois filhos. Pegamos a senha na seguinte sequência; 7, 8, 9, 10. Eu fiquei com a o número 10. Lá vem ele. Já são 11 h e 45 min. Já estava atrasado 45 minutos. Entrou na sala de atendimento e lá ficou mais uns 15, sem atender ninguém.

Finalmente começou a chamar os pacientes (até parece ironia, chamar assim as pessoas que buscam ser atendido por um médico). Chamou o 1°. Chamou o 2°. Chamou o 3°. Chamou o 4°. Chamou o 5°. Chamou o 6°. Ufa! Chamou o meu filho. Chamou o meu outro filho. Chamou a minha esposa.

Enquanto a minha esposa estava sendo atendida, entrou um funcionário na sala de atendimento com alguns papéis em mãos. Nesse momento a porta se abre e minha esposa sai. Levantei-me, pois pensava que seria a minha vez. Curta alegria de pobre. Ele chamou uma idosa. Até ai tudo bem. Afinal de contas os idosos têm prioridade no atendimento. Ele chama o 2° idosos, o 3°, o 4°, o 5°, o 6°, o 7°, o 8°, o 9°, o 10° idoso. Já são 13 h e 45 min. Dirijo-me à secretária e pergunto o que está acontecendo, que não sou chamado. Tudo inútil. Ela não sabe responder. Quando a porta se abre, a minha esposa entra, para que ele assine a receita, que ela teve que buscar em outro lugar, pois na sala que ele estava não tinha impressora (isso mesmo! A receita é impressa). Resolvi então entrar com ela, para dizer a ele que estava me sentido mal.

Nunca pensei que poderia acontecer o que aconteceu nesse momento. Afinal de contas ele tem “educação de nível superior”, pensei. Além disso, é alguém que jurou dizendo: “que ao exercer a arte de curar, me mostrarei sempre fiel aos preceitos da honestidade, da caridade (amor) e da ciência”. Triste desilusão minha. Foi recebido por um ser grotesco, cavernoso, pedante.

Disse-me que era mentira minha e que não estava me sentindo “mal” (sic) coisa nenhuma. E que eu deveria retirar-me da sala e aguardar ser chamado. Tentei conversar com ele, mas tudo em vão. Ele falava em tom bem alto dizendo que iria primeiramente atender todos os idosos e só depois me atenderia, se eu quisesse. Nesse momento alguém liga para ele. Não sei o que a outra pessoa que estava do outro lado da linha falou. Mas sei o que o médico respondeu. Ele disse o seguinte: “eu já disse para ele que não vou atender e pronto! É assim que eu trabalho. Não adianta insistir”.

Não estou questionando o direito dos idosos. E nem foi isso que me deixou com raiva. O que me deixou com raiva foi à maneira como ele tratou-me, chamando-me de mentiroso. O Direito, quando positivado, dever ser cumprido. O que me questiono é um profissional, como um médico, não saber usar o “princípio da razoabilidade”. O princípio da razoabilidade é uma diretriz de senso comum, ou mais exatamente, de bom-senso, aplicada ao Direito.

Sai dali com tanta raiva, que tive vontade de dar um soco bem no nariz daquele cara. Mas graça a Deus, não fiz isso. Disse que não queria mais ser atendido por ele. Ele respondeu-me: tudo bem! “E se a senhora também não quiser voltar comigo, também tudo bem, disse ele, para a minha esposa”.

Saímos e nos dirigimos à ouvidoria do hospital. Registrei uma reclamação contra esse pseudoprofissional. Disseram-me que com cinco dias dar-me-ão uma resposta (será!!). Segunda-feira, 03 de 12 de dezembro, irei formalizar uma denúncia contra esse medi(cú), no Conselho regional de Medicina.

Agora só me resta pagar outra consulta com outro médico, para que seja feita analise dos meus exames e serem receitados os medicamentos para a minha gastrite crônica. Que por pouco não virou úlcera, rsrsrsr (só pra relaxar. Rir faz bem).

Manoel Barreto
Enviado por Manoel Barreto em 02/12/2012
Reeditado em 03/12/2012
Código do texto: T4016219
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