“DIA A DIA”
Valdemiro Mendonça.
Nas dependências da bela clinica de tratamentos especiais, eu sentei-me na única cadeira vazia entre umas quinze pessoas diferentes. Do meu lado direito estava sentada uma senhora de uns sessenta anos e quando eu sentei, ela discretamente abanou o nariz e fez um sinal com o queixo apontando para o meu lado esquerdo onde estava sentado um homem de trinta e cinco anos no máximo. Eu já tinha sentido o horrível cheiro vindo do homem, mas quando ela fez o sinal eu: sem deixar que ele percebesse, olhei e o odor miserável entrou pelo meu nariz novamente. Era uma catinga de urina de cachorro, misto com aquela murrinha que o animal tem quando está no cio, tive que me segurar para não fazer vômito... Não tenho nada contra quem gosta de animais e muitas vezes, os pega no colo e convive até com exageros com cães, gatos, coelhos e outros pet, mas puxa vida, será que não dá para dar banho no monstrengo? Eu particularmente não coloco animais no colo, um sobrinho por sinal: um meu querido sobrinho, um dia que fui visitá-lo praticamente jogou um coelho enorme em cima de mim dizendo: pega tio para o senhor ver como é fofinho... Gente, eu quase desmaiei... “isto parece coisa de delicados”, mas é verdade: Fiquei até sem graça com o ocorrido, mas não consigo achar que é correto segurar animais no colo, mesmo os bem cuidados. Penso que a frase: “cada macaco no seu galho” serve exatamente para definir este conceito. Claro, existem hoje mil fotos e fatos incentivando tal comportamento, inclusive mostrando fotografias das nossas índias dando de mamar a macaquinhos e comida para que a pegue na boca da dona, para mim outro erro; Somos humanos, eles, bichos com defesas no organismo que nós não temos... Quer saber: que eu tenho com isto? Nada, voltemos ao fedorento: Um dos clientes foi chamado para atendimento, deixando livre sua cadeira e por sinal perto da minha esposa que era na ocasião quem iria se consultar, mais que apressado, acho mesmo que correndo, levantei-me e sentei-me a seu lado. Senti algo se mexendo entre os pelos do meu braço e firmando à vista vi uma enorme pulga tentando me picar, mostrei para minha esposa e ela exclamou alto: que horror! Todo mundo olhou, mas nem eu ou ela demos explicações, talvez pelo acontecido e depois de eu lhe contar murmurando como um segredo, sobre o fedido, em instantes ela disse se coçando: God! Acho que um pulga pulou em mim também. Olhei em volta, inclusive nos outros bancos; Todo mundo se coçava. Meu Deus... Foi um: tá: “Deus nos acuda”.
Trovador.