O ELIXIR DA JUVENTUDE
O ELIXIR DA JUVENTUDE
02/12/12
Ontem fiz duas viagens ao passado e ambas me mostraram que a felicidade é uma questão de saber olhar. A primeira das viagens para uma simples baldeação, onde me foi mostrado que a vida é uma roda que está sempre a girar. Para uns a circunferência da roda é pequena e a frequência com que se sucedem os pontos é intensa. Para outros, o girar é lento, movido por um ritmo que enseja a calma necessária para as observações, para as introspecções, para o aprendizado. Qualquer que seja a velocidade ou o tamanho da roda, isto é uma escolha natural, consciente ou inconsciente, de cada um, o destino é o conhecimento, o saber. Desta forma o tamanho da roda nada tem com felicidade ou infelicidade e sim com a forma do aprender, uns aprendem pela repetição outros pela lenta observação das construções teóricas do fato.
A outra viagem me conduziu a certeza da simplicidade do que é ser feliz. Ser feliz nada mais é do que o objetivo da vida. Para uns a felicidade está no zelo do fazer, no fatiamento simétrico e milimetricamente perfeito da cebolinha, na adequação das castas e do paladar do vinho de forma a realçar os sabores dos alimentos para que venha suprir a alma do divino prazer que tem gosto de quero mais, fazendo com que todos anseiem pela repetição. Outros na generosa oferta do espaço e mais do que do espaço da oferta do convívio com aqueles que lhe dão a razão da vida. Espaço ofertado a todos, presentes de corpo ou pela lembrança, em uma mesa onde o assento era comum a todos sem espaços, como se fora, e o foi, para servir a santa ceia.
Espaço onde uns se fazem presentes de forma ligeira, interagindo pelo silêncio ou pelo falar, mostrando que a vida às vezes pode ser duas e não uma roda, e ainda assim aquele que a pilota terá a possibilidade de ir até três vezes mais rápido do que outro para quem a vida também será duas rodas.
Viagens que nos proporcionam encontrar nossa juventude, para podermos nos alimentar da amizade sincera e nos reabastecer com o elixir da felicidade. Encontro com o passado presente, onde a vida só é um semicírculo formado pela parte superior da roda e por isso incapaz de girar eternizando nossa existência.
Geraldo Cerqueira
Nota: Texto inspirado no encontro da TB de 01/12/12.