A SOMBRA INVERTIDA



      Quando pensamos com o nosso ego sobre as coisas, sem levar em conta a realidade alheia,  elas passam a ter uma aparência e um significado que são apenas nossos.
      Os fatos, os beijos, os tapas, traições, vestígios, tudo que nossos sentidos alcançam nos convívios, usando apenas as nossas referências  estão, já na partida, sujeitos à limitação na nossa própria natureza imperfeita e falível, bem como expostos a julgamentos unilaterais que não levam em conta a realidade, motivações, dificuldades , enfim, não levam em conta aspectos alheios nem circunstâncias externas que contribuíram para tal ou qual desfecho. 
       Dessa forma, avaliaremos tudo sob critérios particulares, como se
encaixássemos o mundo exterior em compartimentos da nossa mente para catalogá-los dentro de parâmetros criados por uma lógica própria e um juízo de valor subjetivo e precário.
         Quanto mais uma pessoa tiver dificuldade em "sair de si" e se olhar de fora pra dentro, bem como de se colocar na situação do outro,  tanto mais intolerante e irredutível se mostrará em seus convívios e trocas com o mundo exterior.  Pessoas de condutas rígidas por viverem sob a pressão de "regulamentos internos escravizantes
são refratárias a interagir com sensibilidade e tendem a entrar em choque ou a se distanciarem dos outros. As chamadas pessoas maleáveis são aquelas que se adaptam com facilidade às situações adversas e não familiares  e estas sem dúvida são as que conseguem perceber nos outros as suas  particularidades conseguindo criar 
modos de superar as diferenças e ainda tirar vantagem delas trazendo para o próprio mundo as experiências e idéias alheias e procurando adaptá-las ao seu universo pessoal.  
           Isso nada tem a ver com sermos exuberantes, falantes ou reservados e tímidos.  Há pessoas espalhafatosas que são verdadeiros poços de egoísmo e não enxergam um palmo diante do nariz, e há pessoas reservadas e silenciosas cuja presença no entanto é agradável e se harmonizam com o ambiente por serem atentas, receptivas  e estar numa vibração de aceptibilidade para com todos.
          Dessa forma, é preciso muito cuidado ao fazer juízos sobre quem nos rodeia e com quem convivemos.  Quem é afoito em emitir pareceres sobre os outros estará se baseando mais na sua própria cartilha e tendo um julgamento muito parcial.
        A priori, somos todos um só corpo,  e tudo que vai ao outro volta para novamente refluir em novas ondas de um magnetismo único, que não distingue entre bichos (nós e os outros), plantas, pedras ou temporais.
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