Ela me impressionou...

Saíndo de casa, feliz.

Assim estava eu na tarde deste dia.

Alegremente me arrumei, coloquei uma roupa confortável, dei um nó desajeitado no cabelo enorme (cresce mais que capim), coloquei umas coisas na bolsa e saí às compras no hipermercado.

Até aí nada de mais. Plenitude! Saúde! Liberdade! Gratidão a Deus!

Ao chegar no hipermercado, ao ver uma imensidão de pessoas, dei um sorriso e.. desisti de comprar. Pois é: Paguei apenas um extrato a vencer, comprei 2 objetos na seção feminina e quando já estava de saída, encontrei uma amiga que nao via há mais ou menos 1 ano e meio.

Abri um largo sorriso, beijei-a, cumprimentei-a e já fui logo querendo saber como estava indo a vida dela.

Minha amiga estava viúva (eu já sabia, pois já havia encontrado-a noutra ocasião e ela me relevou a forma infeliz como perdeu seu marido).

Pensei que com o passar do tempo ela estivesse mais consolada, menos chorosa, mais resignada... sei lá! Nunca passei por isto! Pensei que a dor passava logo, mas no caso dela, lá se vão quase 3 anos e ela está depressiva como se fosse hoje a perda do seu eterno amor...

Sou falante, alegre, expansiva, mas naquele momento, na fila do supermercado, foi o suficiente para que eu deixasse que ela desabafasse o máximo que pudesse. Ela necessitava falar, botar para fora! Gastei tempo ouvindo novamente a história da forma repentina que o esposo dela morreu. Como ela se sente partida, dividida, desmotivada.

Dado momento, ela me disse: -Fátima, se eu soubesse que era tão ruim ficar viúva eu nem teria me casado um dia!

Daquela relação, ela teve dois filhos adolescentes lindos e que estavam acompanhando-a nas compras. Os jovens estavam cabisbaixos, tristes e pensativos. Não eram jovens alegres, dispostos, motivados...

Senti um misto de dó com dor!

Estranho!

Num momento, pude sentir um pedacinho da dor que minha amiga estava sentindo ainda.

Não há cronômetro no coração!!! Briguei comigo mesma, pois eu, de início não entendi porque passados quase 3 anos ela ainda chorava a dor da irreparável perda.

Minha cabecinha de 'melão' achava que existia um tempo médio de 1 ano, no máximo, para que as coisas voltassem ao ritmo normal. Ledo engano! E ainda penso que sei alguma coisa das vida!!! Bobinha!

Hoje não consegui comprar as frutas, verduras, carnes, materiais de higiene pessoal e outros tantos produtos naquele supermercado, mas a lição de vida que tirei daquela visita e daquele encontro casual, foram suficientes para me tornar uma pessoa mais sensível, solidária e melhor ouvinte dos apelos do coração.

O fator denominado TEMPO há de curar as feridas acesas, em chamas ardentes no coração daquela mulher bonita que me impressionou com sua linda história de amor.

Oro a Deus para que dias melhores e mais amenos cheguem na vida daquela mulher virtuosa!

Ela me impactou! Ela me impressionou!

O amor... ah, o amor...

Contos e Encantos
Enviado por Contos e Encantos em 30/11/2012
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