Com nomes
          de santos



        Os jornais divulgaram, com injustificável discrição, que "uma em cada nove cidades do país tem nome de santo." Não é uma notícia leviana; infundada. Os dados foram oficialmente fornecidos pelo Banco de Nomes Geográficos do Brasil, órgão ligado ao IBGE.
        Diz ainda o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística  que "652 (11,7%) dos 5.565 municípios" do Brasil têm nome de santo. Entrando em detalhes, destaca o Instituto que o santo mais homenageado - 60 vezes - é São José. Não imaginava que fosse.
        O carpinteiro de Nazaré ganha pra São João - 54 vezes -, pra Santo Antônio de Pádua (!) - 38 vezes - e pra São Francisco de Assis - 27 vezes.
          Muito bem. Essa de dar nome de santo a pessoas e lugares não é coisa recente. É costume antiquíssimo. Milenar? Não sei. 
          No nordeste, por exemplo, quase todas as famílias têm um Francisco (Chico), um José (Zé) ou um Antônio (Tom-im), santos de indiscutível popularidade.
           E não se diga que somente as famílias católicas aderem a este costume. Famílias de outros credos fazem  o mesmo, confirmando o prestígio de alguns bem-aventurados, independente do altar em que eles aparecem.
           Acho um costume louvável. Se é para bajular, bajulemos um santo.
          A propósito, passo, com sua permissão, dileto leitor, a contar uma estorinha doméstica que aconteceu, não faz tanto tempo.
   Meu neto, que se chama Bernardo, perguntou se existia um santo com o seu nome. Motivo da pergunta: vira no quarto do irmão mais novo, que se chama João, uma imagem do Batista, o Precursor, presente dos avós paternos.
   Foi-lhe dito que sim. E com a angelical curiosidade das crianças, insistiu: "E quem foi ele?"
          A indagação do neto, feita de supetão, obrigou-me a ler a biografia de São Bernardo. Sobre esse santo, que ninguém nos ouça, eu não sabia quase nada.
          Fui às minhas estantes onde guardo muita coisa sobre a vida dos santos, principalmente  a de São Francisco de Assis, meu amigo e protetor, e isso já não é novidade.
             Volto a dizer: não conhecia nada sobre a vida e a obra de São Bernardo, Doutor da Igreja, desde 1830, proclamado, naquele ano, pelo Papa Pio VIII. 
             Logo fiquei sabendo que São Bernardo, homem de origem nobre e rica, fora um douto e um escritor de primeira água. E que, por causa do seu refinado valor intelectual e invejável religiosidade, seus contemporâneos o consideraram "a chama que dominou o século XII".
             Monge cisterciense, São Bernardo nasceu no ano de 1090, na Borgonha; e morreu em 1153, na Abadia de Claraval.
             Em 1174, foi canonizado pelo Papa Alexandre III, determinando a Igreja de Roma  que 20 de agosto passasse a ser o dia de sua festa. 
          Uma curiosidade. Quem recita ou conhece a Oração do Salve-Rainha!, se lembra deste versinho: "Ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria". Saibam, pois, que essa carinhosa invocação foi introduzida na bela prece mariana por São Bernardo.
          Botei tudo o que pesquisei num folha de caderno e mandei pro neto, saciando-lhe a santa curiosidade. A partir d´agora, ele ficará sabendo que, de fato, existe um santo com o seu nome e o que São Bernardo foi e fez quando andou por este mundo.

Nota: Na foto, Bernardo Jucá, meu neto.


    


    
  
 

Felipe Jucá
Enviado por Felipe Jucá em 30/11/2012
Reeditado em 29/12/2020
Código do texto: T4013383
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